Com o início do período das águas, empresas e produtores dão início ao plantio de eucalipto. As árvores se adaptam com facilidade ao solo de Mato Grosso do Sul e isso permite que as mudas sejam plantadas até mesmo no período de seca, mas neste caso, é necessário que seja feita uma irrigação para que a floresta possa evoluir.
Dominghetti afirma que grande parte do maciço florestal de Mato Grosso do Sul é concentrado no eixo de Campo Grande - Três Lagoas. "Esse eixo é um solo arenoso, com baixo teor de argila, com pouca umidade, pouca matéria orgânica e perde água rapidamente. Quem não investiu em tecnologias para retensão de água como o gel, por exemplo, vai perder as mudas. O eucalipto se adapta bem em todos os solos, porém, precisa ser no período das águas, aí não precisa gastar com o gel", afirma.
Espécies - Existem mais de 600 espécies de eucaliptos além dos híbridos, sendo assim, existe uma vasta quantidade de opções para utilizar o que se adequar melhor em determinada região.
O agrônomo explica que no Estado, os investimentos na cultura é relativamente novo, e grande parte dos clones utilizados aqui, vieram dos melhoramentos genéticos desenvolvidos em Minas Gerais e São Paulo. "Hoje as empresas já começaram um programa de melhoramento genético em Mato Grosso do Sul, mas a base dos povoamentos florestais, são provenientes de outras regiões", avalia.
Os eucaliptos se adaptaram bem ao solo brasileiro, tanto que a média de produtividade no Brasil é de 40 m³ de madeira por hectare/ano. No centro de origem dele que é a Austrália, a produtividade fica em torno de 25 a 30 m³ por hectare/ano.
Corte – É possível realizar o corte do eucalipto em três etapas, sendo que dependendo da finalidade do plantio, o primeiro corte pode ser feito com sete anos, o segundo com 14 anos e o terceiro, com 21 anos.
Segundo Dominghetti, se o eucalipto for destinado para indústria de papel e celulose, em sete anos é possível fazer o primeiro corte.
Se plantar para produzir madeira cerrada, o corte pode ser feito com no mínimo 12 ou 15 anos, sempre dependendo do que o produtor quer produzir. "Para utilizar em escora da construção civil, em três anos já é possível fazer o corte, dependendo da finalidade do uso da madeira. Quanto maior for a árvore, maior é o rendimento", explica.
Praga - A formiga é a pior praga que acomete o eucalipto. Antes de se fazer o plantio, o produtor precisa fazer o controle de formiga, pelo menos um mês antes, até nas áreas adjacentes, segundo o agrônomo. "A folha do eucalipto é um substrato muito bom para a formiga, e elas têm condições de se desenvolver na plantação", informa.
Florestas em MS – São 870 mil hectares de eucaliptos plantados em Mato Grosso do Sul, segundo informações do diretor executivo da Reflore (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas), Benedito Mário Lázaro.
Destes, 55% estão plantados em Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas. Para o diretor, a produtividade no Estado está melhorando. "Com o tempo a genética está melhorando também. Porém, o problema que encontramos aqui é a falta de planejamento. Muitos produtores há um tempo, acharam que a criação de bois não estava sendo rentável e mudaram para a plantio de eucalipto, mas sem fazer planejamento", comenta.
Com isso, muitos produtores plantaram as florestas fora do eixo, sem domínio de manejo e agora que precisam vender, encontram preços baixos no mercado. "O eucalipto não é como soja, milho ou café que tem vários compradores, por isso é preciso ter um planejamento adequado antes de plantar", afirma.
Produção das mudas - Por mês, são produzidas 20 mil mudas de eucalipto na floricultura Floreste, em Campo Grande. A gerente Andressa Graffunder Echeverria Gouveia, explica como é realizado a produção dos clones. "O jardim clonal é feito com as matrizes e delas são retirados galhos de 4 a 5 centímetros, depois, são colocados no substrato e deixado na estufa para criarem raiz", conta.
São 25 dias para as mudas enraizarem, e acontecem mais dois processos até ficarem de um a dois meses no sol, para crescerem até 25 centímetros.
As mudas são comercializadas por R$ 0,50 cada e segundo Andressa, a procura é maior no período de chuvas.