Em crise financeira, duas usinas de álcool e açúcar da região sul de Mato Grosso do Sul estão demitindo funcionários e enfrentam dificuldade até mesmo para pagar as rescisões. O problema ocorre na usina Bio Energy, em Naviraí e na São Fernando, em Dourados. A crise setor deve causar o fechamento de 1,3 mil vagas só em duas empresas.
Nos últimos três meses, a usina de Naviraí demitiu pelo menos 730 funcionários e não pagou o acerto dos demitidos. Muitos deles têm procurado o MPT (Ministério Público do Trabalho) em Dourados, para tentar receber os direitos trabalhistas.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Açúcar e Álcool de Naviraí e Região, Altair Custódio, informou que em setembro foram 500 trabalhadores demitidos. Segundo ele, a esperança é que a usina utilize o dinheiro da próxima moagem de cana para pagar as rescisões.
Leandro Luís Francisco, 32, trabalhou como motorista da usina de Naviraí durante quatro anos. Na semana passada ele procurou a Justiça para tentar receber o acerto e dar baixa na Carteira de Trabalho. “Eu fiquei com salário atrasado e duas férias. Têm muitos nessa situação”.
São Fernando
Na usina localizada em Dourados a crise é semelhante. Pelo menos 600 funcionários devem ser demitidos até a metade do mês de outubro. Semana passada, 120 já foram dispensados.
A empresa também enfrenta dificuldades até para colher a cana-de-açúcar. Em plena época de safra, a indústria está moendo apenas 10 mil toneladas por dia, menos da metade da capacidade de 25 mil toneladas/dia. Até mesmo o pagamento para os proprietários de terras arrendadas para o plantio de cana está atrasado.
Éder da Silva Leite, 34, espera há dois meses para receber pelos 30 dias trabalhados e pela baixa na Carteira de Trabalho. Ele diz que constantemente entra em contato com a empresa, mas não consegue saber quando vai receber. A maior preocupação é com a rescisão, pois já arrumou outro emprego e precisa da liberação da Carteira de Trabalho.
Comandada pelo Grupo Bumlay, a São Fernando precisa de pelo menos R$ 200 milhões para sanear as dívidas do dia-a-dia.