"Pane seca" é a principal hipótese para o acidente com o avião que transportava a família dos apresentadores Luciano Huck e Angélica na manhã do dia 24 de maio deste ano em Campo Grande. O piloto Osmar Frattini, 52 anos, que fez o pouso forçado em uma fazenda localizada a cerca de 30 quilômetros da Capital, foi considerado herói por ter evitado uma tragédia.
Durante a semana, o Campo Grande News ouviu vários comandantes experientes e pesquisou as possíveis hipóteses que poderia ter terminado em tragédia, mas não passou de um grande susto, “um milagre” como declarou Angélica, graças à competência do piloto. A resposta de todos, “pane seca”.
O ponto inicial da reportagem foram os relatos do piloto Osmar Frattini e do co-piloto José Flávio Zanatta sobre os momentos anteriores a tocarem o solo e que obrigaram a eles realizarem os procedimentos recomendados para casos de “falha de motor em voo”, como é tipificado nas estatísticas de acidentes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). “Ele fez o que havia de ser feito nessas situações”, afirmou o comandante George Willian Cesar de Araripe Sucupira, 74 anos, presidente da APPA (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves), entidade nacional representante da aviação geral junto aos órgãos gestores da Aviação Civil Brasileira.
O comandante George Sucupira, que é membro do Conselho Consultivo da Anac e tem mais de 50 anos dedicados à aviação, disse que os motores do avião EMB-820C são muito mais eficientes que os convencionais. “A probalidade de pane é de longe muito menor que os demais,” explicou. Mesma afirmação feita por outros profissionais. Um deles, com mais de 30 anos de experiência, que pediu para não ser identificado por atuar no Estado, disse que esse motor foi construído para não falhar. Para eles, só um motivo provocaria uma falha, “a falta de combustível” nas turbinas.
Em julho de 2012, no interior de Minas Gerais, aconteceu um acidente muito parecido com o ocorrido em Campo Grande. Porém, o piloto de 40 anos morreu carbonizado e as outras duas pessoas a bordo tiveram ferimentos leves e uma com queimaduras. O avião era do mesmo modelo EMB-820C Navajo, porém na versão com motores a pistão e com capacidade para 4 passageiros.
De propriedade de uma empresa do Rio de Janeiro, a Microsurvey Aéreogeofísica e Consultoria Científica, a aeronave, com dois pesquisadores e o piloto, sobrevoava a região de Espinosa fazendo um aerolevantamento da área e depois seguiria para o aeroporto de Guanambi-BA, quando os motores começaram a falhar.
Segundo um dos ocupantes, ao perceber a falha em um dos motores, o piloto tentou transferir combustível para o outro motor e continuar voando, porém ao perder a altitude forçou o pouso. Como a região era de matagal, o choque com solo foi forte e o avião teve mais avarías que a aeronave da Capital.
Com o impacto, o piloto desmaiou e ficou preso às ferragens. Os dois passageiros ainda tentaram retirá-lo, mas o avião pegou fogo e não conseguiram salvá-lo. Na Anac, o acidente está registrado como baixo nível de combustível “pane seca”. Até hoje o Cenipa não disponibilizou o relatório final da investigação.