Estimativa apresentada nesta quarta-feira (9) pela Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) aponta que o estado deve colher na safra 2014/2015 de cana-de-açúcar, 44,3 milhões de toneladas, o que representa um incremento de 6,76% frente as 41,4 milhões de toneladas processadas no ciclo 2013/2014.
Segundo o presidente da Biosul, Roberto Hollanda, a nova safra começou oficialmente na primeira quinzena de março. Atualmente, das 22 usinas que deverão operar neste ciclo no estado, 14 já estão em atividade e até 15 de maio todas as plantas deverão estar moendo.
A entidade projeta que neste ciclo a área cultivada com cana-de-açúcar no estado deve crescer 11,6%, saltando de 724,1 mil hectares para 808,1 mil hectares. Da área plantada nesta safra, 682 mil hectares são destinadas ao processamento para a produção de etanol e açúcar, 14,4 mil hectares para a produção de mudas, 28 mil hectares são de canaviais que estão em processo de renovação e 84 mil são de novas áreas, que devem ser colhidas na próxima temporada.
Hollanda destacou durante a apresentação dos dados, que a nova safra ainda será impactada pelos efeitos climáticos do ciclo anterior, como a geada registrada entre julho e agosto de 2013 e a estiagem no fim do ano passado. Mesmo com esses reflexos, haverá uma recuperação razoável da qualidade da cana que será produzida, medida pelo índice de açúcares totais recuperáveis (ATR), que deve crescer 5%, frente ao ciclo anterior, passando de 126,7 quilos por tonelada de cana para 133,2 quilos por tonelada de cana.
“O ATR da safra passada foi um dos mais baixos da história de Mato Grosso do Sul, em decorrência dos efeitos climáticos. O ciclo 2014/2015 será um período de recuperação, muito em razão dos pesados investimentos que o setor faz para melhorar sua produtividade agrícola, mas ainda deve ficar abaixo do potencial do estado. Acreditamos que somente na safra 2015/2016, se não houver influência climática, a produtividade e a qualidade da cana aumentem significativamente”, disse o presidente da Biosul.
Com maior quantidade e qualidade de matéria-prima o parque sucroenergético de Mato Grosso do Sul deve aumentar sua produção de etanol, de açúcar e de bioeletricidade. A fabricação do alimento deve crescer 19,12%, aumentando de 1,3 milhão de toneladas para 1,6 milhão de toneladas, a do combustível 9,74%, de 2,2 bilhões de litros para 2,4 bilhões de litros, e a de energia 35,66%, de 1.609 GWh para 2.182 GWh.
Em relação a cogeração de energia, o presidente da Biosul lembrou que neste ciclo duas usinas que apenas testaram equipamentos na temporada passada já vão disponibilizar energia para o Sistema Integrado Nacional, elevando para 12 o número de plantas exportadoras de bioeletricidade no estado. “A eletricidade que produzimos já é suficiente para abastecer todo o consumo residencial do estado”, destaca ele.
Por fim, Hollanda lembrou que o setor deve manter 31 mil postos de trabalho diretos nesta safra, mesmo número do ciclo passado, e que não deve ocorrer aumento na geração de vagas em razão da crise no segmento. Entretanto, destacou que os investimentos em qualificação continuam e que a previsão é de sejam capacitados por meio de parcerias com o Senai e Senar, 4,5 mil trabalhadores das usinas.