Um estudo divulgado na última segunda-feira (17) pela fabricante de chips Qualcomm colocou o Brasil apenas em quarto lugar na América Latina no assunto conectividade. Apesar de ser um dos mais desenvolvidos da região, o país tem, proporcionalmente, menos pessoas conectadas do que Uruguai, Argentina e Chile. Para chegar ao resultado, a pesquisa analisou a taxa de penetração de vários tipos de conexão, como Internet a cabo e móvel, além de telefone fixo e celular.
O estudo faz parte da iniciativa de Índice Qualcomm da Sociedade da Inovação, desenvolvida pela Qualcomm América Latina. A pesquisa visa medir o grau de adoção, assimilação e usos das tecnologias da informação e comunicação na sociedade.
Foram 73 países analisados, sendo 31 na Europa, 14 na Ásia, 2 na Oceania, 4 na África, 20 na América Latina, além de EUA e Canadá. Na comparação global, o Brasil ficou na 44ª posição – o país mais conectado do mundo é Hong Kong, pertencente à China, que obteve 79,24 pontos de um total de 100.
Com 34,1 pontos, o Brasil ficou abaixo da média mundial na maioria dos quesitos abordados. Foi o caso do número de linhas telefônicas por habitante, acessos de banda larga, além da velocidade de conexão banda larga, fixa e móvel. O mesmo aconteceu com a penetração de PCs e tablets no mercado brasileiro, que atingiu somente 46% e 4%, respectivamente, contra a média geral de 52,1% e 9,48%.
Menos "intenso" que o México
Para comparar o uso da Internet, a Qualcomm escolheu as maiores economias da América Latina: Brasil e México. O objetivo foi tentar entender o comportamento dessas pessoas na rede, seja acessando via computadores convencionais, tablets, smartphones, Smart TVs, entre outros dispositivos.
Os resultados mostraram, por exemplo, que o uso de redes sociais é o mais comum entre internautas brasileiros, com 89% de ocorrências. Em segundo lugar, vem o consumo de multimídia (vídeos, fotos, música e podcasts), com 69% e, em terceiro, compras online, atividade que obteve 60% de respostas positivas.
Já especificamente sobre usuários de smartphones, a pesquisa mostrou que 78% desse público usa mensagens instantâneas, e 64% consome conteúdo multimídia. Por outro lado, esses números são considerados baixos em relação ao México, que tem uma população menos conectada porém com forte uso de serviços web via celular.
“O público mexicano é mais intenso quanto ao uso de smartphones do que o brasileiro, apesar de o Brasil ter maior penetração de conexão. O Brasil só ganha na categoria de serviços bancários, que se mostrou uma atividade importante para o brasileiro, tanto no smartphone quanto no computador”, explica Mariana Rodriguez, Diretora Geral da Convergência Research, responsável pela aplicação da metodologia.
Feature phones X smartphones
Um dado interessante levantado pela pesquisa foi o percentual de usuários de telefonia móvel brasileiros que não pretendem trocar seus feature phones (aparelhos básicos com Internet mas sem sistema operacional avançado) por smartphones em qualquer momento no futuro. Cerca de 30% dos entrevistados não planeja comprar um celular inteligente, e o preço não seria o maior impeditivo – 60% dizem simplesmente não se interessar pela tecnologia oferecida pelos celulares mais modernos.
De modo geral, a pesquisa patrocinada pela Qualcomm mostrou que o brasileiro tem forte aceitação a serviços de entretenimento e bancário, além de redes sociais. No entanto, ficaram evidentes espaços grandes para crescimento no mercado de aplicativos, já que mais de um terço dos usuários de smartphones não baixam apps.
Além disso, a pesquisa deixou evidente que ainda há um longo caminho a ser trilhado rumo à conectividade em massa da população brasileira. Por enquanto, a penetração de banda larga está somente em 10%, enquanto as conexões 3G e 4G chegam somente a 35% das pessoas.