Mais de 150 ações e mais que o dobro do dinheiro investido no ano passado. Essa é a promessa do poder público estadual para a área cultural ao longo deste ano. O anúncio foi feito na noite de segunda-feira (5), no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, durante o evento que marcou o lançamento do MS Cultural, pacote de projetos do governo do Estado para o setor, que contou com a presença do governador Eduardo Riedel e de representantes de vários segmentos da cultura.
Na ocasião, foi apresentado o calendário de ações da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) em 2024. A previsão é de mais de 150 ações e eventos a serem realizados ao longo do ano, com um orçamento de R$ 176 milhões, incluindo o Fundo de Investimentos Culturais (FIC).
No ano de 2023, os investimentos da FCMS somaram R$ 82.197.134,33. O MS Cultural vai funcionar sob a gestão da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e da FCMS. A ideia é contemplar todos os segmentos artísticos e culturais de MS.
“A Fundação de Cultura não faz cultura, a Setesc não faz cultura, o governo do Estado não faz cultura. Quem faz cultura são vocês, quem no dia a dia produz toda essa expressão maravilhosa do povo sul-mato-grossense são vocês. O que o ente público faz é proporcionar a condição para florescer o que está na essência de cada um, de cada forma de expressão. É esse o nosso papel, fazer encontrar o talento e a oportunidade com competência”, afirmou o governador Eduardo Riedel na ocasião.
FIC MAIOR
“Anuncio aqui que, este ano, o nosso FIC vai ser de 14 milhões de reais para toda a classe cultural e ocorrerá sempre no primeiro quadrimestre de cada ano neste valor, podendo ser reajustado. O MS Cultural lança uma programação que atende a todos os setores, a diversas formas de expressão, a todas as áreas culturais, que abarca desde o governo do Reinaldo [Azambuja], trabalhando a reforma dos principais equipamentos culturais”, afirmou o governador.
“Vamos inaugurar agora nosso teatro, o Castelinho em Ponta Porã, o Marco, que precisa urgente da nossa intervenção, e uma série de ações que foram programadas lá atrás e está sendo dada continuidade para que a gente tenha nossos equipamentos à altura do que a cultura sul-mato-grossense merece e pode ter”, prometeu Riedel.
Com a execução do pacote anunciado, o governo do Estado espera superar as críticas do setor cultural e o desgaste enfrentado pela Setesc desde 2023.
TODOS OS MUNICÍPIOS
“O MS Cultural reúne mais de cem projetos e programas que acontecerão durante todo o ano, aos quais garantiremos recursos e insumos necessários. Não significa que se esgotará neste conjunto de iniciativas, visto que somos, por natureza própria, um núcleo efervescente de criatividade”, afirmou o diretor-presidente da Fundação de Cultura de MS, Eduardo Mendes Pinto.
“Esses recursos vão chegar aos barracões das escolas de samba, aos palcos, aos estúdios, aos sets de filmagens, às galerias, aos ateliês, aos centros culturais, às oficinas, aos cursos formativos, à restauração do patrimônio histórico e aos espetáculos produzidos por mais de cinco mil artistas sul-mato-grossenses, nas áreas de artes cênicas, dança, moda e design, cinema, artesanato, música, arte de rua, memória histórica e um sem número de outras especialidades contemporâneas”, prosseguiu o gestor.
“Também estaremos presentes nos 79 municípios atendendo à demanda de cada localidade, em especial com apoio a celebrações tradicionais, como a Festa da Linguiça de Maracaju, o Porco no Rolete de São Gabriel do Oeste, as tradições como a viola de coxo, a Festa do Toro Candil, manifestações culturais genuínas que estão nas raízes do que fomos e ainda do que somos hoje”, afirmou Pinto.
APOIO SISTEMÁTICO
O secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, disse que faz parte de sua missão a “austeridade e a democratização dos recursos da cultura, projetos inovadores valorizando o que já foi construído e ouvindo os verdadeiros fazedores de cultura”.
“Estamos mapeando riscos, garantindo a execução correta dos recursos públicos, grandes sistemas de fiscalização para ver se realmente os recursos públicos estão bem utilizados. Para democratizar o acesso à cultura, fizemos um apoio sistemático aos municípios”, detalhou.
Miranda frisou que MS é um dos estados que “100% captou” os recursos da Lei Paulo Gustavo.
“Demos capacitação on-line, para que os fazedores de cultura tenham condições de entrar no edital. Desburocratizando os editais, fizemos pela primeira vez na história um edital totalmente on-line, que permite que as pessoas das regiões mais remotas consigam entrar no edital, tenham informação, captem recursos. Contratamos pareceristas externos para fazer uma coisa mais transparente”, relatou o titular da Setesc.
“Os festivais foram um grande desafio, em dois meses fazer um festival do tamanho de Bonito, tivemos o Festival Bonitinho, interações tecnológicas, Catedral Erudita, para circulação da nossa música clássica, que é referência no mundo. O MS ao Vivo, aliando a economia criativa e a gastronomia. Nós fomos ouvir os fazedores de cultura e fomos muito bem acolhidos e orientados”, disse o secretário Marcelo Miranda.
5 MIL ARTISTAS
Além das dezenas de programas, ações e projetos, os R$ 176 milhões vão garantir a realização dos Festivais de Bonito e América do Sul (Corumbá), além do 3º Campão Cultural, programado para dezembro, na Capital. A estimativa é que o pacote da cultura beneficie mais de 5 mil artistas.
Ações de revitalização e de restauração de equipamentos culturais também fazem parte do projeto.
Entre as obras a serem realizadas neste ano estão: restaurações do Castelinho de Ponta Porã, do Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Marco), do Vagão Ferroviário (antigo Vagão do Trem do Pantanal) e da Igreja de São Benedito; reforma do prédio do antigo Labcen, para abrigar o Arquivo Público Estadual; salvaguarda do Patrimônio Imaterial de MS; restauro do monumento Manoel de Barros (Campo Grande) e do Forte Coimbra (Corumbá).
SHOWS E MAPA CULTURAL
O MS ao Vivo será realizado no período de março a novembro, com shows e fomento da economia criativa a cada segundo domingo do mês, no Parque das Nações Indígenas, além de teatro, dança e circo.
Em dezembro, será realizada a segunda edição do Catedral Erudita, projeto que leva música erudita a templos religiosos.
Os shows do Som da Concha vão ocorrer no segundo e no penúltimo domingo de cada mês. Serão 14 apresentações, nove em Campo Grande e quatro no interior do Estado, entre os meses de maio e dezembro.
Em abril, será realizada a 3ª Feira da Música de Campo Grande, mostra da identidade dos músicos sul-mato-grossenses, com palestras, oficinas, painéis, stands, rodada de negócios, debates e shows musicais.
O Rota Gastronômica, que promove intervenções culturais em eventos de gastronomia, está previsto para o período de março a dezembro. O pacote prevê ainda, até setembro, a Plataforma Mapa Cultural de MS + Prosas.
A iniciativa visa consolidar a plataforma Mapa Cultural de MS como base de cadastro oficial do Estado e operacionalizar eletronicamente os editais da FCMS (inscrição, avaliação e divulgação), em substituição à plataforma GoogleDocs.
ARTESANATO E AUDIOVISUAL
Para o artesanato, haverá ações de capacitação e apoio técnico; mapeamento e catalogação do artesanato indígenas; edital de premiação para artesãos; a Semana do Artesão, de 18 a 25 de março; participação em feiras nacionais; e o Artesania, com oficinas técnicas, de abril a novembro.
Para o segmento da indústria fashion, será realizada a Semana da Moda em Campo Grande.
Na área do audiovisual, além do Rota Cine MS, que disponibilizará kit cinematográficos nos municípios entre maio e novembro, serão realizados o Pantanal Film, em abril, e a Film Comission, projeto para alavancar as ações de audiovisual em MS por meio da transversalidade de áreas.
RUA, CÊNICAS E LEITURA
A arte de rua também será contemplada com o Circula Perifa e o Conexões Graffiti, de maio a novembro. Na área de artes cênicas, entre outras ações, haverá o projeto Boca de Cena – Mostra Sul-Mato-Grossense, em abril, e o Circuito Dança no Mato, com programação a partir do mesmo mês.