O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira (7) o processo de privatização da Eletrobras, que chamou de "errático", "lesa-pátria" e "quase que uma bandidagem".
O petista afirmou também que o governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), irá pedir a revisão dos termos e efeitos da desestatização da empresa.
As declarações foram feitas durante entrevista a canais de mídia alternativos no Palácio do Planalto.
A privatização da Eletrobras foi proposta pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro via medida provisória, que foi aprovada com alterações pelo Congresso em junho de 2021. O texto foi convertido em lei em julho daquele ano com a sanção presidencial.
O foco da MP da privatização foi a venda de ações da Eletrobras até que o governo deixasse de deter 60% dos papeis da estatal e passasse a ser dono de 45% da empresa.
Para Lula, os termos da privatização da Eletrobras são "leoninos" contra o governo porque impedem que a União volte a ter controle acionário da empresa.
"Foi feito quase que uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria na Eletrobras. Nós, inclusive, possivelmente o advogado-geral da União, [ele] vai entrar na Justiça para que a gente possa rever esse contrato leonino contra o governo", disse Lula.
"Tanto na participação acionária nós queremos ter mais gente na direção, mais gente no conselho, quanto esse negócio de que você não pode comprar porque você vai pagar três vezes mais caro", acrescentou o petista.
Lula também sinalizou que o governo vai comprar mais ações da estatal, caso as condições econômicas permitam.
"O que posso dizer é que foi um processo errático, foi um processo leonino contra os interesses do povo brasileiro, foi uma privatização lesa-pátria", ressaltou Lula.
Mais Médicos
Na entrevista, Lula também afirmou que vai abrir uma nova rodada de contratação de profissionais de saúde via Mais Médicos, programa criado para a interiorização de médicos que, na gestão Bolsonaro, foi rebatizado de Médicos pelo Brasil.
O presidente fez o anúncio quando comentava a crise sanitária no Terra Indígena Yanomami.
"Quero saber qual o médico que tem coragem de trabalhar lá nos Yanomami, ficar uma semana lá seguido. Vamos ter que outra vez abrir licitação do Mais Médicos. Se tiver médico brasileiro, vai para lá. Obviamente, que temos de dar preferência para os nossos médicos ir para lá. Mas, se não tiver os nossos médicos, a gente vai procurar médico em outro, lugar para levar aonde as pessoas precisam de médico", disse Lula.