Triplo homicídio aconteceu no domingo, Dia dos Pais (Foto: Umuarama Ilustrado |
Vestígios de sangue identificados por luminol, pegada de um chinelo marcada a sangue e contradições entre alegações do suspeito e depoimento de testemunhas foram suficientes para a Polícia Civil de Umuarama prender em flagrante na noite desta segunda-feira (09/08) o comerciante Jean Michel de Souza pelo assassinato da esposa, a advogada Jaqueline Soares, de 32 anos e os pais dela, o empresário Antonio Soares de Souza, de 65 anos e a dona de casa Helena Maria Marra dos Santos, de 59 anos. O triplo homicídio foi descoberto durante a manhã pela empregada da família, em um sobrado na avenida São Paulo, Zona II de Umuarama.
A motivação
Segundo o delegado-adjunto da 7ª SDP e responsável pelas investigações, Gabriel dos Santos Menezes, a motivação do crime foi passional. De acordo com Menezes desde o início os vestígios deixados no local do crime indicavam que o autor seria alguém com acesso ao imóvel e próximo das vítimas.
Sem sinais de arrombamento, carros deixados na garagem abertos, falta de sinais que indicassem reações de defesa por parte das vítimas levaram a Polícia Civil a bater as portas do comércio de Jean Michel, o marido e genro, logo após a descoberta das mortes.
Sem emoção
“Quando os policiais chegaram até o comércio do suspeito, ele informou que já sabia pela imprensa sobre a morte da esposa e dos sogros e não apresentou qualquer emoção, o que chamou a atenção da polícia”, explicou o delegado Menezes.
O suspeito foi então levado até o local das mortes, e mais uma vez não teria demonstrado qualquer emoção, segundo a Polícia Civil.
Possessividade
Segundo o delegado Gabriel Menezes a motivação do crime foi passional e Jaqueline seria o alvo principal. “O Jean Michel teria uma relação muito possessiva com a esposa”, explicou o delegado. Amigos e conhecidos de Jean Michel o descrevem como um homem educado e amável. A Polícia Civil não descarta que o suspeito tenha algum tipo de sociopatia.
Violência doméstica
Ainda na noite desta segunda-feira (09/08) o corpo de Jaqueline foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Toledo, para ser submetido a um exame de raio x. Segundo a Polícia Civil o exame complementar era para detectar ferimentos na cabeça da advogada. O IML de Umuarama não dispõe do equipamento.
“Ela apresentava muito mais ferimentos do que os pais e havia marcas de agressões anteriores. O exame foi para apurar exatamente a extensão dos ferimentos”, explicou o delegado-chefe da 7ª SDP Osnildo Carneiro Lemes.
Relação conflituosa
Jean Michel e Jaqueline estavam casados há dois anos e segundo o apurado pela Polícia Civil a relação seria conflituosa e marcada pela violência física. O casal estava morando em residências separadas. Jaqueline com os pais e Jean Michel com a mãe.
A dona de casa Helena Marra dos Santos, o esposo, o comerciante Antonio Soares e a filha do casal, a advogada Jaqueline Soares foram as vítimas do triplo homicídio (Foto: redes sociais) |
Ainda segundo a polícia, a relação entre genro e sogro seria muito delicada, pois Antonio Soares não aceitava a situação vivida pela filha. Mesmo assim, vítimas e autor teriam sociedade em uma loja que comercializa aviamentos e tecidos, no entorno da Praça Miguel Rossafa, no centro de Umuarama.
As provas
Segundo o delegado Gabriel Menezes, foram principalmente as provas técnicas que colocaram Jean Michel na cena do crime. No carro do suspeito, um GM Astra prata, os policiais encontraram com o uso de luminol (substância que ilumina o sangue) vestígios de sangue na maçaneta esquerda, volante e câmbio.
Na casa de Jean Michel, foi encontrado mais sangue ao lado do tanque de lavar roupas, localizado na área de serviço e no local do crime, uma pegada do chinelo do suspeito marcada a sangue completou a lista de vestígios organizada pela Polícia Civil, que em menos de 10 horas conseguiu elucidar o triplo homicídio.
Contradição
Ainda segundo o delegado, a mãe de Jean Michel, em depoimento, relatou que o filho disse ter ido até a casa das vítimas logo após o almoço e novamente durante a noite. Aos policiais o suspeito teria negado essa segunda visita.
“Como ele deixou o celular na casa de sua mãe, acreditamos que as mortes podem não ter ocorrido no calor de uma discussão”, esclareceu o delegado. A Polícia Civil acredita que Jean Michel não levou o aparelho de propósito.
Segundo o delegado as provas reunidas até o momento são suficientes para a prisão em flagrante de Jean Michel de Souza pelo triplo homicídio. “Acreditamos que o Judiciário deve manter a prisão, mesmo que não haja confissão”, afirmou Gabriel Menezes.
As mortes
Segundo o delegado Gabriel Menezes a suspeita é que as mortes tenham ocorrido no máximo até as 22 horas de domingo (08/08), Dia dos Pais. “Somente após o laudo do IML teremos condições de saber exatamente a dinâmica de quem morreu primeiro”, explicou o delegado.
Os corpos das vítimas devem ser levados para o interior de Goiás, onde serão sepultados (Foto: Umuarama Ilustrado) |
A suspeita é que o casal Antonio e Helena tenham sido as primeiras vítimas. Cada um morreu com um golpe certeiro de faca na região do pescoço, que atingiu artérias. Os corpos foram encontrados na cozinha da casa.
Já o corpo de Jaqueline foi encontrado caído dentro de uma banheira, em um dos quartos do imóvel no segundo pavimento. A polícia não descarta a possibilidade dela ter tentado fugir do agressor. Além de uma facada no peito, a advogada também apresentava sérios ferimentos na região do pescoço e outros machucados pelo corpo.
As vítimas
As vítimas são naturais de Pires do Rio, no interior de Goiás, onde os corpos serão sepultados. A liberação junto ao IML e traslado para o outro Estado estava sendo intermediado por uma advogada, amiga da família. Além de Jaqueline, o casal Antonio e Helena Soares tem outra filha, que é magistrada em Paranavaí e está na reta final de uma gestação.
Antônio Soares também era um empresário forte em Guaíra, onde era proprietário da Mil Coisas, uma loja voltada para a comercialização de tecidos, linhas e aviamentos, com mais de mil metros quadrados de área construída. Também tinha outras duas lojas, em Naviraí e Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul. Por amigos e funcionários era descrito como uma pessoa muito tranquila, pacata e querida.
Há cerca de um ano e meio ele e a esposa se mudaram de Guaíra para Umuarama, para ficar junto a filha Jaqueline. Antonio Soares passava a semana na região da fronteira, cuidando dos negócios e voltava para Umuarama aos fins de semana, onde mãe e filha permaneciam.
Outro lado
Segundo o advogado Erick Costa, que representa Jean Michel, ele ainda não havia tomado conhecimento de todas as provas juntadas pela Polícia Civil, mas que seu cliente nega as mortes da esposa e dos sogros. “A polícia tem apenas indícios e vamos pedir o relaxamento da prisão”, afirmou. Jean Michel Souza está recolhido na carceragem da cadeia pública de Umuarama e deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira (10/08).
A Polícia Civil tem 10 dias para concluir as investigações, se o suspeito continuar preso.