Jamil Name morreu, aos 82 anos, neste domingo (27/06), por complicações da Covid-19. O até então preso estava internado em um hospital particular, em Mossoró (RN), para tratar da infecção pelo coronavírus. As informações da morte do empresário foram confirmadas pela família dele.
A família informou ao G1 que "está processando a informação" e de que ainda não iniciaram o trâmite para o translado do corpo, já que o enterro de Name deve ser feito em Campo Grande.
No início de junho deste ano, os familiares do empresário tentaram junto à Justiça a transferência de Name para um hospital em Brasília. A família conseguiu a autorização, mas não foi possível fazer a tempo.
Segundo o advogado dele, Tiago Bunning, Name foi levado do presídio federal de Mossoró para o hospital, no dia 31 de maio, e estava sob escolta de agentes. No início de junho, o acusado pelo Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul de chefiar organização criminosa que teria executado várias pessoas, em Campo Grande, havia sido intubado.
Jamil Name era peça central da operação Omertá que foi deflagrada em setembro de 2019, quando a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e o Gaeco prenderam empresários, policiais e, na época, guardas municipais, investigados por execuções no estado.
A suspeita é que o grupo supostamente comandado por Jamil Name e o filho, Jamil Name Filho, tenha executado pelo menos três pessoas na capital sul-mato-grossense, desde junho de 2018. Outras mortes também estão sendo investigadas.
Em outubro de 2019, Jamil Name foi transferido de Campo Grande para o presídio de segurança máxima, em Mossoró (RN).
Em nota, a defesa de Jamil Name disse que o empresário "viveu seu último dia de vida preso em uma cama de hospital de uma UTI, entubado, inconsciente e sem qualquer familiar ao seu lado. Recebeu uma pena de morte sem sequer ser condenado".
Ainda conforme a nota assinada pelos advogados Tiago Bunning e Rene Siufi, "a defesa promoveu incansáveis pedidos de prisão domiciliar, habeas corpus e outras medidas jurídicas cabíveis, em todas as instâncias. A morte de Jamil Name foi uma tragédia anunciada", concluíram.
Histórico de acusações
Name era uma pessoa central na operação Omertà. A primeira fase da ação foi deflagrada em setembro de 2019. A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e o Gaeco prenderam empresários, policiais e, na época, guardas municipais, investigados por execuções no estado.
A última morte atribuída ao grupo até o momento é do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos. Ele foi atingido por tiros de fuzil no dia 9 de abril, quando manobrava o carro do pai, na frente de casa, para pegar o dele e buscar o irmão mais novo na escola.
Pouco mais de um mês depois, no dia 19 de maio de 2019, policiais do Garras e do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BpChoque) apreenderam um arsenal com um guarda municipal, em uma casa no Jardim Monte Libano. Foram apreendidos 18 fuzis de calibre 762 e 556, espingarda de calibre 12, carabina de calibre 22, além de 33 carregadores e quase 700 munições.
Segundo as investigações do Gaeco, esse arsenal pertencia ao grupo preso na operação Omertà. A força-tarefa investiga se as armas foram usadas em crimes de execução nos últimos meses.
Jamil Name no Rio Grande do Norte
Jamil Name foi transferido de Campo Grande para o presídio de Mossoró (RN), no dia 30 de outubro de 2019. Na época, ele havia saído Presídio Federal, na Capital, escoltado por viaturas do Departamento Penitenciário Federal (Depen) e foi levado para Campinas, por volta das 2h30 (de MS). De lá, o destino é a unidade prisional de Mossoró (RN).
O tempo de prisão era de 60 dias, podendo ser estendido por até 12 meses. Já em dezembro de 2020, o juiz Walter Nunes da Silva Junior, da Corregedoria da Penitenciária Federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, deferiu o pedido do Departamento Penitenciário Federal (DEPEN) e da 1ª Vara de Execução Penal da Comarca de Campo Grande e renovou a permanência de Jamil Name na Penitenciária Federal de Mossoró por mais 360 dias, que seria até 29 de setembro de 2021.
Na decisão, o juiz afirmou que a permanência de Name no Rio Grande do Norte era uma "medida que se impõe, para afastá-lo da proximidade diária entre os demais componentes da associação criminosa da qual faz parte, de modo a desarticular qualquer tipo de ato ardiloso que seja nocivo à normalidade social".