Soja continua sendo um dos principais produtos de MS (Foto: Folha de Naviraí/Jr Lopes) |
O ano de 2020 foi atípico para o mundo todo. A pandemia da Covid-19 derrubou as receitas e fez com que muitas cidades e estados fizessem malabarismos para arcar com os compromissos. Em Mato Grosso do Sul, o impacto foi sentido nos meses de março e abril, mas rapidamente o Estado se recuperou e fechou o ano com arrecadação 10% maior que em 2019. Além disso, projeta crescer ainda mais este ano.
Para o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, a economia do Estado foi resiliente em 2020. “A gente terminou o ano com um crescimento de 10% a 15% na arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em comparação com 2019. A gente terminou o ano com equilíbrio fiscal extremamente satisfatório, o que permitirá que tenhamos mais força para investir”, diz.
Entre os números positivos registrados no ano passado, o Estado ficou com saldo positivo na geração de empregos formais. No acumulado de janeiro a novembro, MS tem o nono melhor desempenho na criação de vagas do País, com saldo de 16.511 vagas, resultado de 197.058 admissões e 180.547 desligamentos.
Outro resultado positivo foi registrado nas exportações. Nos 11 meses de 2020, as exportações somaram US$ 5,462 bilhões, 4,6% a mais que o total enviado ao exterior nos 12 meses de 2019, quando foram negociados US$ 5,217 bilhões – diferença de US$ 245 milhões ou R$ 1,2 bilhão. Já no comparativo com o mesmo período, entre janeiro e novembro, o Estado negociou um volume 11% maior em 2020. O volume fechado de 2020 ainda não foi divulgado.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) afirmou que o Estado cumpriu suas obrigações. “Desde o início de nossa gestão falamos da importância de fazer ajustes fiscais, de ter cuidado com as contas públicas, de tomar medidas, até impopulares e amargas, para não deixar o Estado sucumbir. Hoje somos um Estado que cumpre suas obrigações com fornecedores e com os servidores”, destaca.
“Somos o Estado com maior volume de investimentos no Brasil por habitante. Enquanto Mato Grosso do Sul investe R$ 365 ao ano por cidadão, Espírito Santo, que é o segundo colocado, aplica R$ 257”, conclui.
CRESCIMENTO
Levantamento realizado pelo Instituto Tendências Consultoria Integrada aponta que Mato Grosso do Sul está entre os cinco estados brasilewiros a encerrar 2021 com crescimento no Produto Interno Bruto (PIB), superando em 2,7% o PIB de 2019.
“A perspectiva para este ano é de equilíbrio fiscal, com R$ 20 bilhões de investimentos do setor privado e o Estado fazendo uma recomposição da sua capacidade de desenvolvimento. Consequentemente, o foco disso é manter a geração de empregos e MS entre os cinco [estados] com geração de emprego positiva. Manter o processo de exportações elevado de celulose, minério, soja e carnes”, analisa Verruck.
Segundo o secretário, neste ano, novamente os setores da agropecuária e da indústria trarão resultados ainda melhores para a economia estadual. “Temos uma perspectiva muito positiva para 2021, decorrente principalmente da safra recorde. Claro, isso se as condições climáticas ajudarem – nós plantamos bem e a gente tem preço e demanda. Isso faz com que a gente tenha um giro na economia bastante forte em cima da produção de soja, que deve ser recorde”, explica Verruck.
A área plantada de soja é estimada em 3,645 milhões de hectares, aumento de 7,55% na comparação com a safra 2019/2020, que foi de 3,389 milhões de hectares. A produtividade é estimada em 53 sacas por hectare, gerando a projeção de produção recorde, com 11,591 milhões de toneladas – aumento de 2,35% ante os 11,325 milhões de toneladas na safra 2019/2020.
Além da soja, a produção de celulose também deve crescer, assim como a produção de carnes. A ideia, de acordo com a gestão estadual, é agregar valor à produção local. “Temos uma sinalização muito clara da continuação da expansão da suinocultura. Talvez neste ano a gente cresça 40% na suinocultura e 20% na avicultura”, ressalta o secretário.
Nas exportações, a dificuldade foi manter a paridade, ou seja, manter a oferta no mercado interno por causa do volume da exportação. “A gente acredita que existe uma forte demanda interna para farelo e para milho. Na verdade, nossa janela [de plantio] do milho é nossa grande preocupação. Dado que, neste ano, teremos nossa primeira usina de etanol de milho, com investimentos de quase R$ 1 bilhão”.
INDÚSTRIA
Na indústria, o secretário ressalta que teve a inauguração da Lar Cooperativa Agroindustrial, em Caarapó. É um complexo processador de soja, com capacidade de processar 1,5 mil toneladas de soja por dia e produzir 300 toneladas de biodiesel a cada 24 horas, além da produção de farelo e energia. Toda a estrutura da indústria ficou parada por 11 anos, até ser comprada e revitalizada pela Lar em 2019.
“Reativamos uma série de unidades que estavam paradas, como a indústria de soja da Lar, o frigorífico de Paranaíba, que estava fechado e reabrimos, o frigorífico de Rio Verde, que daqui alguns meses volta à operação, e o frigorífico de peixes de Dois Irmãos do Buriti”, conta Verruck.
O secretário ainda afirma que, neste ano, outras indústrias serão inauguradas: “Temos em 2021 a indústria de celulose lá em Ribas do Rio Pardo, com investimento de R$ 14 bilhões”.