Em meio ao surto de coronavírus que tem afetado o clube nas últimas semanas, o Palmeiras registrou quatro casos de pessoas infectadas com a doença pela segunda vez. O meia Gustavo Scarpa e o coordenador científico Daniel Gonçalves estão entre elas – as outras duas não trabalham no futebol.
De acordo com o departamento médico do Palmeiras, Gustavo Scarpa e Daniel Gonçalves testaram positivo em julho, mas tiveram manifestações leves da doença, como se fosse uma gripe. Agora, conviveram com sintomas mais pesados, como febre e falta de ar – os resultados saíram no último sábado.
– Reparamos no Palmeiras a carga viral que fez com que eles ficassem doentes. Na primeira vez, foram cargas virais mais baixas e sintomas muito leves, tanto que em 12 dias eles estavam de volta ao trabalho muito tranquilamente. Desta vez, ambos manifestaram carga viral mais elevada, e os sintomas também – disse o coordenador médico do Palmeiras, Gustavo Magliocca, ao ge.
– O Palmeiras observa atentamente os casos dessas quatro pessoas, entendendo que estamos diante de quatro casos positivos pela segunda vez, e que isso não quer dizer que sejam reinfecções, mas o fato é que essas quatro pessoas testaram positivo duas vezes e isso nos deixa atentos. Estamos monitorando o que dizem as entidades de saúde, e apoiando atletas e funcionários neste momento – explicou.
O Palmeiras não considera como casos graves, já que eles não tiveram de ser hospitalizados, mas há um monitoramento. Todos ainda passarão por baterias de exames cardiológicos e de tomografia nos próximos dias.
– Existe uma pandemia mundial, que não é causada por um único vírus. Você não tem uma vez e se livrou do problema. Existem duas, três, quatro formas da doença circulando entre nós, e ainda não temos cura. Temos de respeitar melhor – afirmou Magliocca.
De acordo com Alberto Chebabo, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), de fato existe a possibilidade de uma nova infecção em quem já havia testado positivo.
– A reinfecção tem sido relatada cada vez com maior frequência. Se não tiver o vírus isolado e sequenciado, fica como caso provável de reinfecção – disse.
Ainda segundo Chebabo, os quatro funcionários do Palmeiras podem não ter criado ou terem perdido os anticorpos de defesa na primeira infecção. Assim, não ficaram imunes e acabaram infectados pela segunda vez.
O Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica no fim de outubro com regras para a definição de casos suspeitos de reinfecção. Para que isso seja caracterizado, o indivíduo precisará de dois resultados positivos de RT-PCR, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios de infecção respiratória, independentemente da condição clínica. O outro ponto é a conservação adequada das amostras.
Em documento divulgado nesta quinta-feira, a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde do Rio de Janeiro explica que "pacientes e profissionais de saúde que já tiveram Covid-19 não possuem imunidade permanente mesmo que tenham formado altas taxas do anticorpo IgG, já que esses podem não ser neutralizantes. Ressaltamos também que a imunidade celular contra a doença não é duradoura e pode permanecer por tempos tão curtos quanto três meses. Esses fatos têm sido demonstrados pelas reinfecções que têm se avolumado, principalmente entre profissionais de saúde. Assim sendo, ninguém deve se sentir protegido".
O Palmeiras vive um surto de coronavírus nas últimas semanas. Entre jogadores, comissão técnica e funcionários, já são mais de 20 casos de infectados. E isso tem gerado preocupação no clube, ainda mais com aqueles que estão com a Covid-19 novamente.
O Palmeiras realiza testes com frequência na Academia de Futebol – pelo menos três vezes por semana.
Contra o Ceará, nesta quarta, pela Copa do Brasil, 15 jogadores ficaram fora por estarem infectados: Jailson, Vinicius Silvestre, Gabriel Menino, Matías Viña, Luan, Alan Empereur, Benjamín Kuscevic, Danilo, Gustavo Scarpa, Quiñonez, Gabriel Silva, Rony, Gabriel Veron, Marino Hinestroza e Pedro Acacio.
Há também casos positivos de funcionários de vários outros setores do clube relacionados ao futebol.
– A preocupação é com a quantidade de casos. Preocupa a gente não ter o controle que a gente achava que tinha. O Palmeiras era um clube que tinha um controle, e fomos perceber que não adianta ter controle interno se o problema é externo. O problema não está na perda do controle interno, mas sim no aumento da perda do controle externo – completou Magliocca.