Está nas mãos do Governo Federal o protocolo para retomada progressiva do futebol, organizado pela CBF. Com participação de comissão de médicos e reuniões semanais em que mais de 100 profissionais de clubes e infectologistas participaram, o documento é o ponto de partida para diversos clubes e federações pelo país.
O Ministério da Saúde ainda não respondeu a CBF sobre a aprovação do protocolo. Mas indicou que até o fim de semana libera o documento. A previsão é de publicação e distribuição na segunda-feira. Internamente, a diretoria da entidade nacional do futebol já tinha aprovado o protocolo, que tem mais de 20 páginas e embasou Rio de Janeiro e Santa Catarina, dois dos primeiros estados que prepararam seu planejamento.
A troca do ministro da Saúde, em meados de abril, atrasou a publicação do protocolo nacional da CBF. O recuo foi estratégico do presidente da CBF, Rogéri Caboclo. Já havia pressão por todos os lados para a bola rolar, pelo menos para a volta dos treinos, mas principalmente de cima, com manifestações constantes do presidente da República, Jair Bolsonaro.
O "Guia Médico de sugestões protetivas para retorno das atividades do futebol brasileiro" foi montado pela Comissão Nacional de Médicos da CBF com Nemi Sabeh Junior, médico da seleção feminina, mais os chefes dos departamentos médicos do Atlético-MG, Rodrigo Lasmar, que também é da Seleção, do Flamengo, Márcio Tannure, do Avaí, Luis Fernando Funchal, e da Ponte Preta, Roberto Nishimura. O infectologista Sergio Wey, do Hospital Albert Einstein, orientou os médicos.
Apoiado em trabalhos acadêmicos, estudos de avanço da pandemia dentro e fora do país, o documento prevê testes em todo o país - foram listados 17 laboratórios que produzem os kits para exames de coronavírus. Mas ainda há algumas dúvidas sobre a aquisição dos testes.
Alguns clubes já se adiantaram e já adiantaram encomendas, como o Flamengo, o Grêmio, o Palmeiras e o Bragantino. Nas reuniões desta semana, alguns clubes entenderam que vão precisar comprar sozinho os testes, mas outros aguardam ajuda da CBF e das federações. Sobre o protocolo, alguns já receberam de federações de outros estados, mas a maior parte ainda aguarda a CBF.
Existe expectativa de articulação da CBF com os órgãos de saúde para auxiliar na compra destes equipamentos. O presidente Bolsonaro se manifestou desde o início contrário à paralisação de competições e influenciou diretamente na mudança de rota da CBF. Caboclo, em reunião com os clubes, chegou a dizer que "o vírus não tinha o celular dele para dizer quando o futebol iria voltar".
O guia
Os médicos consultaram protocolos que já estão sendo utilizados nas federações da Espanha, de Portugal e em alguns clubes do Japão e da Alemanha, como o Bayern de Munique e o Bayer Leverkusen.
Cada médico escreveu parte do documento e depois passou para Jorge Pagura, presidente da Comissão Nacional de Médicos, consolidar as sugestões e discutir as ideias.