O zagueiro Leandro Castan, do Vasco, concedeu coletiva no CT do Almirante na manhã desta sexta-feira, antes do treino da equipe que Abel Braga prepara para enfrentar o Boavista, no estádio Elcyr Resende, pela terceira rodada da Taça Guanabara. E não se esquivou de temas espinhosos como salários atrasados e provocações dos rivais.
A falta de respeito à história do Vasco incomoda o zagueiro, que afirma que o grupo honra a camisa do clube.
- Estava até comentando com meus amigos. Todo mundo hoje pode zoar o Vasco, é muito fácil querer zoar o Vasco. É muito fácil dizer que o Vasco é isso ou aquilo. O Vasco tem muita história, muita tradição e isso me incomoda. Isso tem que acabar. Enquanto eu estiver aqui, vamos honrar essa camisa. Podemos não ser o melhor do time mundo, entrar para história e ganhar títulos, mas vamos sempre honrar essa camisa.
- O que vou falar? Não é novidade para ninguém, os salários estão atrasados. Conversamos com Campello quando ele veio aqui (no CT). Somos profissionais. Quando me apresentei, no dia 8, vim pensando neste ano. Estou com a consciência tranquila, fazendo o meu melhor e deixo o resto para diretoria. Nunca criticamos a diretoria e não vai ser agora que vamos criticar. Eles sabem da responsabilidade deles. Esperemos que sejam pagas as coisas que ficaram para trás. Seguimos o nosso trabalho.
Apesar de evitar críticas diretas à diretoria, ele afirmou preferir "nem escutar" os prazos de pagamento dados pelos dirigentes.
- Quando alguém vem me falar alguma data (prazo), prefiro nem escutar. Sigo treinando, fazendo meu trabalho e vamos ver quando vão regularizar a situação. Sabemos que tem tantas coisas, penhora pra lá, penhora pra cá. Então prefiro jogar futebol, ajudar meus companheiros... Uma hora ou outra vai entrar esse dinheiro.
Castan defendeu o rodízio de jogadores promovido pelo treinador, que poupou os titulares no clássico contra o Flamengo e acabou derrotado. Para o zagueiro, nessa fase da temporada é importante manter a calma. Para justificar, usou seu próprio exemplo em 2019.
- Acho que sim (sou a favor do rodízio), vou dar um exemplo: ano passado fomos campeões invictos da Taça Guanabara, todo mundo jogou todos os jogos. Eu fui dos que chegaram no início do Brasileiro, não estava aguentando mais jogar futebol, estava cansado. Eu falo isso, os torcedores vão falar: "Não, jogador tem de jogar, ganha bem...". Não é por causa disso, mas realmente quando joga quarta e domingo sem preparar para isso, acaba desgastando. Foi o que aconteceu, tive uma lesão que não tratei bem dela, e depois acabei perdendo quase o primeiro turno inteiro do Brasileiro. É o momento de ter tranquilidade, sabedoria, e saber que tem um ano muito longo pela frente.
A respeito da pressão sobre Abel após a derrota no clássico sem ter usado os titulares, ele afirmou:
- Sinceramente, não acho nada. Não posso me apegar a críticas e elogios. Nosso foco é trabalhar, o ano é longo, e não é para entrarmos em desespero porque não vencemos em dois jogos. O Abel trocou o time porque está pensando lá na frente. Temos que ter calma. Quando se trata de Vasco, as coisas se tornam ainda maiores. O Vasco já tem muitos problemas. Temos que tentar diminuir os problemas. É difícil, não podemos pedir nada aos torcedores. Olha o que eles fizeram no ano passado. Mas sabemos que é um momento delicado. Temos que buscar as vitórias, futebol é resultado e, o que pudermos fazer para ajudar o professor, vamos fazer.
O Boavista lidera o Grupo A, empatado em quatro pontos com o Flamengo, mas à frente pelo saldo de gols. Já o Vasco amarga a penúltima posição do Grupo B, com o mesmo um ponto do Macaé, mas também melhor no saldo de gols. Na última rodada, o Boavista atropelou o Macaé por 3 a 0, enquanto o Vasco perdeu o clássico para os rubro-negros por 1 a 0.
- A semana foi boa de trabalho, aproveitamos bastante, tínhamos poucos dias antes do primeiro jogo, essa semana deu para treinar um pouquinho mais, começar a pegar condição, agora também ritmo de jogo que é importante. Estamos no caminho certo, com muita tranquilidade, serenidade, para conquistar nossos objetivos.