O julgamento do impeachment do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump teve início com forte divisão sobre as regras que vão reger os procedimentos. O julgamento começou no Senado dos EUA nessa terça-feira (21).
A Câmara dos Representantes, controlada pelos Democratas, aprovou o impeachment de Trump no mês passado, sob acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso.
Trump foi acusado de abuso de poder por ter pressionado, visando ganho político e pessoal, a Ucrânia a investigar Joe Biden, ex-vice-presidente dos EUA e líder na disputa por uma indicação para disputar a presidência pelo Partido Democrata.
O caso avançou para o Senado, onde membros da Câmara vão atuar como promotores, liderados pelo presidente da Comissão de Inteligência Adam Schiff.
No primeiro dia, o advogado de Trump, Pat Cipollone, destacou a determinação da equipe de defesa de afirmar a inocência do presidente. Ele disse que "a única conclusão será de que o presidente não fez absolutamente nada de errado".
O líder do impeachment, Adam Schiff, disse que "a maioria dos americanos não acredita que haverá um julgamento justo. Eles acreditam que o resultado já foi previamente definido". Schiff afirma que testemunhas, incluindo o ex-secretário de Segurança Nacional John Bolton, deveriam receber permissão para depor.
O Partido Democrata também pediu que fossem apresentados documentos da Casa Branca e outros registros relacionados à suspensão temporária de ajuda militar dos EUA à Ucrânia. O Senado, liderado pelos Republicanos, se opõe à medida.
O Partido Republicano quer concluir o julgamento provavelmente até o fim de janeiro. Democratas estão tentando conquistar o apoio da população, convocando testemunhas para o julgamento.
Próximos passos
Donald Trump é o terceiro presidente da história dos Estados Unidos a enfrentar um processo de impeachment, depois de Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton, em 1999 – ambos absolvidos.
O julgamento no Senado é conduzido pelo presidente da Suprema Corte, John Roberts, com todos os senadores servindo como jurados.
Sete parlamentares da Câmara dos Representantes estão atuando como promotores. A equipe é chefiada pelo presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, um democrata que liderou as investigações do impeachment.
O advogado da Casa Branca, Pat Cipollone, lidera a equipe de defesa, que inclui advogados renomados. Um deles é Ken Starr, que investigou Clinton como promotor independente.
Outra personalidade é Alan Dershowitz, que foi parte da equipe legal que ajudou o astro do futebol americano O. J. Simpson a ser absolvido em um julgamento por assassinato, de grande repercussão na década de 90.
O julgamento começou estabelecendo as regras dos procedimentos, seguido pelos discursos de abertura da defesa e acusação. Os lados têm 24 horas para apresentar seus argumentos.
Após as deliberações, senadores vão votar "culpado" ou "inocente" para cada uma das duas acusações de abuso de poder e obstrução do congresso, enfrentadas por Trump.
Uma maioria de dois terços é necessária para condenar e retirar o presidente em exercício do poder. No entanto, é esperado que ele seja absolvido, já que os republicanos são maioria no Senado.