Já entravam as primeiras horas da manhã de quinta-feira quando, enfim, a saída de Diego Tardelli do Grêmio foi concretizada. O alívio do torcedor, que em nenhum momento se encantou pela principal contratação do clube em 2019, também é da direção. Mas por outro motivo. O clube calcula que economizará R$ 24 milhões em salários e bônus que seriam pagos ao atacante até o fim de seu contrato, em 2021.
A reunião entre clube e os representantes do jogador adentrou a madrugada de quinta, conforme revelou o presidente Romildo Bolzan Júnior em entrevista coletiva.
No cálculo do valor a economizar pelo clube com a saída do atacante, já está subtraída a rescisão contratual paga a Tardelli no acordo para o rompimento do vínculo dois anos antes do vencimento.
O Tricolor efetuou o pagamento de parcelas devidas pelas "luvas", nome dado ao valor pago pelo clube ao jogador para a assinatura do contrato, como acerto pelo rompimento do vínculo.
— A situação já vem de algum tempo. É notório que (Tardelli) já tinha pedido para sair. Tinha ficado a indefinição. Na madrugada de hoje (quinta), as partes se entenderam de uma maneira harmoniosa. Ele tinha mais dois anos (de contrato). Ajustamos um valor absolutamente justo, que não vale fazer esclarecimento em relação à quantidade. Atendeu ao jogador e ao Grêmio. Estamos contemplados — explicou Bolzan.
Sem deixar saudade
Assim termina uma relação que nutria grande expectativa para o Grêmio. Mas não decolou. Pedido expresso de Renato Gaúcho, Tardelli chegou sob festa a Porto Alegre. Seria a solução dos problemas ofensivos. Nunca resolveu. Foram 47 jogos em 2019 e sete gols marcados.
Mais do que números, Tardelli viveu em Porto Alegre sob uma nuvem de expectativa altíssima. E foi centro de polêmicas. No meio da temporada, recebeu ultimato público da diretoria.
Naquela época, já havia a dúvida se o camisa 9 queria ou não continuar no clube, questionamento semelhante ao do fim do ano. Nas redes sociais, garantiu a permanência.
Depois de marcar o primeiro gol da vitória por 2 a 0 sobre o Libertad com um a menos, na Arena, pelas oitavas de final da Libertadores, o atacante falou pela primeira vez sobre o episódio e disse ter passado por um momento "depressivo".
No vestiário tricolor, o apoio do grupo foi fundamental para "segurar a bronca". Contudo, uma resposta do jogador ao comentário de um torcedor no Instagram deu o tom de uma relação já próxima do final. Dias depois, o próprio Tardelli reuniu o elenco em sua casa e ouviu dos companheiros o pedido de permanência para 2020.
Cofres abertos
A saída do atacante abre nova brecha na folha de pagamento gremista para uma contratação mais cara. O Tricolor tentou Pedro, que acabou no Flamengo. Há outros nomes na mira, embora sem negociação em andamento. A ideia da direção segue em reduzir custos, mas sem perder competitividade.
– O fato de desonerarmos a folha também implica num outro conceito: o Grêmio necessariamente precisa estar competitivo nos outros campeonatos. Quando digo isso, é evidente que o Grêmio irá se reforçar também no ataque – assegura Bolzan.
Sem Tardelli, o Grêmio fica com Everton, Luciano, Pepê, Alisson e André para o ataque. Além dos jovens em processo de ascensão para o time principal, como Ferreira, Da Silva, Isaque e Guilherme Azevedo.