Nesta quarta-feira (11/12), um dia após o Santos anunciar que Jorge Sampaoli estava fora do clube, o argentino entrou com uma ação contra o Peixe.
Sampaoli pede a rescisão de seu contrato com o Santos por causa de atrasos no pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nos últimos quatro meses. O mesmo vale para os quatro membros da comissão técnica (os auxiliares Carlos e Jorge Desio e os preparadores físicos Pablo e Marcos Fernández).
Em contato com a reportagem do GloboEsporte.com, Gustavo Amorim, o advogado que representa Sampaoli, afirmou que o argentino não fez o pedido de demissão alegado pelo Santos e que o treinador nunca teve a intenção de processar o clube, mas que precisa se defender da cobrança que considera indevida.
A multa da discórdia
Jorge Sampaoli e Santos já previam um fim de ano ruim na relação entre eles quando no dia 17 de outubro fizeram um aditivo ao contrato de trabalho do treinador. Nesta data, após o jogo contra o Ceará, na Vila Belmiro, o argentino assinou a mudança que está sendo alvo de discussão neste momento.
Incomodado e dizendo-se enganado por quem o assessorou na data da assinatura de seu primeiro contrato com o Santos (no fim do ano passado), o treinador pediu ao então superintendente de futebol, Paulo Autuori, que o ajudasse a alterar o contrato, retirando a multa a partir de 10 de dezembro. A informação de que a multa cairia a partir deste dia foi publicada pelo jornalista Jorge Nicola, no Yahoo.
O blog confirmou a informação e conseguiu mais detalhes. A multa vigente no primeiro contrato era de 2,5 milhões de euros (pouco mais de R$ 11 milhões), caso o argentino decidisse deixar o clube, e de 800 mil de euros (cerca de R$ 3,6 mil), caso o Santos o dispensasse.
Sampaoli argumentou que não havia entendido essa diferença de exigência e de valores e conseguiu aprovação do Comitê de Gestão para alterar. Autuori esteve pessoalmente no conselho para aprovar a mudança. Entre os argumentos, o de que seria bom para o clube se livrar de multa para o caso de o orçamento não permitir continuar com o treinador em 2020.
O aditivo nada alterou, no entanto, a multa para o fim do contrato dos cinco integrantes de sua comissão técnica e, para saírem do clube, eles terão de desembolsar (ou o clube que venham a despertar interesse) um total de R$ 5 milhões.
Na conversa do dia 9 (um dia antes de a multa cair), Sampaoli e José Carlos Peres, presidente do Santos, falaram sobre a multa da comissão. O treinador pediu ao presidente que retirasse a exigência para a saída de seus auxiliares. Peres disse que era contra, mas que levaria para o conselho, que não concordou.
Toda a briga, agora, está em torno do dia do pedido de demissão. Se a conversa tivesse sido feita dois dias depois, não haveria discussão, nem interpretação. E Sampaoli estaria livre, sem multas ao mercado. O treinador argumenta que só formalizou o pedido de saída nesta quarta (dia 11). Já o Santos entende que foi no dia da conversa, segunda (9) – esta informação, inclusive, consta na nota oficial divulgada pelo clube na noite de terça.
Tanto o Santos quanto a assessoria de Sampaoli foram consultados pela reportagem.