O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou ontem sua saída do PSL. Durante reunião com deputados federais, ele também disse que vai trabalhar para criar um novo partido, chamado Aliança pelo Brasil (APB). Conforme o Estadão Conteúdo, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) disse esperar que Bolsonaro presida o novo partido. Segundo ela, a primeira convenção da sigla será feita em 21 de novembro. Essa é a nona troca partidária em sua carreira política.
Além da expectativa de quem vai presidir o partido a nível nacional também existe a dúvida com relação ao possível novo diretório em Mato Grosso do Sul. O PSL no Estado foi estruturado pelo deputado estadual Coronel David e por seu aliado Rodolfo Nogueira, que foi presidente da sigla durante a campanha de 2018.
Conforme informações dos bastidores, em um acordo político, David seria colocado como presidente do PSL estadual, porém, na hora de oficializar a nova diretoria, a senadora eleita Soraya Thronicke foi a escolhida pelo presidente da Executiva nacional do partido e deputado federal eleito, Luciano Bivar, como a nova líder da agremiação.
A situação gerou uma grande crise na sigla no Estado, que vem se arrastando desde 2018 e dividiu o partido em dois grupos, sendo o primeiro o da senadora Soraya com o deputado federal Loester Trutis e o deputado estadual Capitão Contar e o segundo de Coronel David com o deputado federal Luiz Ovando.
A saída de Bolsonaro do partido e a possível criação de uma nova agremiação partidária colocam em dúvida quem seria o nome de Bolsonaro em Mato Grosso do Sul. David é amigo pessoal do presidente do Brasil e, na campanha municipal de 2016, candidatou-se à Prefeitura de Campo Grande, colocando o nome do futuro candidato eleito ao Executivo nacional em evidência no Estado.
O deputado Luiz Ovando é vice-líder do governo na Câmara dos Deputados e esteve na reunião de ontem no Palácio do Planalto. Ele foi um dos parlamentares que assinaram em favor do nome de Eduardo Bolsonaro como líder da agremiação na Casa.
O nome de Luiz Ovando está em destaque por ele ser fiel ao presidente e seus filhos em Brasília.
De acordo com o deputado federal, ainda não é possível dizer quem será escolhido por Bolsonaro, porém, ele acredita que o nome será “de uma pessoa que seja autêntica”. “Quando for criar os diretórios, tem que ir para mãos de pessoas que sejam autênticas, e não retalhadores. Você pode receber, dar uma orientação, mas a liderança é de quem é autêntico dentro do processo”, declarou Luiz Ovando, ressaltando que os deputados e senadores que não se manifestaram com relação à crise entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar não podem exercer cargo de liderança.
O presidente Bolsonaro convidou alguns deputados federais que não declaram apoio a ele e nem mesmo a Bivar para a reunião de ontem, na visão de Luiz Ovando, Jair foi “condescendente porque tinha muitos deputados na reunião que não assinaram aquela votação na escolha do líder do partido” .
O único senador que esteve presente na reunião foi Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e o mesmo anunciou que já pediu desfiliação do PSL no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). Ao contrário dos deputados federais, os senadores não perdem o cargo caso saiam do partido sem autorização da executiva. Com a saída de Flávio, o PSL pode perder a participação em comissões uma vez que o regimento pede que o partido tenha ao menos três senadores eleitos.
A senadora Soraya é titular em 15 comissões e questionada se seguiria Bolsonaro avalou que o partido poderia perder espaço no Senado e o governo precisa dos senadores para aprovar suas pautas. “O Flávio está saindo porque está com problema pessoais e durante dois anos são definidas as participações comissões , eu continuo com espaço desde que o partido permita, se eu sair o partido suspende minhas atividades e o governo precisa de voto”.
O Capitão Contar disse ontem que seguirá com Bolsonaro mesmo que fique de fora das eleições de 2020. Ele é o nome de Soraya para disputar a prefeitura de Capital.Coronel David sempre declarou que segue com Bolsonaro para onde ele for. O deputado Luiz Ovando também tem a mesma postura.
O deputado federal Loester Trutis foi procurado, mas não se posicionou com relação ao seu apoio ao presidente ou não.