O PSDB deverá expulsar do partido a deputada Rose Modesto, que vem demonstrando publicamente insatisfação por não encontrar respaldo em suas pretensões de, mais uma vez, disputar a Prefeitura de Campo Grande. Com isso, a parlamentar “carimba o passaporte” para enfrentar nas urnas novamente, já em outro partido, o atual prefeito Marcos Trad (PSD) que a derrotou em 2016. A cúpula deverá reunir-se para sacramentar essa medida evitando desgastes maiores – como passar para a população a imagem de que é um partido desunido – e cortando o mal pela raiz, ou seja, dando um basta aos atos de rebeldia interna.
A expulsão é uma medida que não ameaça Rose de perder o mandato, pois se enquadra em uma das normas estabelecidas pela legislação eleitoral a respeito.
Sabe-se, porém, que o alto tucanato não estaria disposto a ver a legenda ‘’sangrar em público’,’ motivada por descontentamentos de alguns de seus integrantes.
Recentemente, a bancada do PSDB na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul rebelou-se, criando desgaste para o partido perante a opinião pública. Formada por cinco parlamentares, três deles votaram contra projeto do governador Reinaldo Azambuja. As exceções foram Felipe Orro e Paulo Corrêa, este último por ser presidente da Casa. No episódio, o pior foi que o próprio líder do grupo partidário, Rinaldo Modesto, ‘’puxou a fila”, seguido por Onevan de Matos e Marçal Filho.
Rinaldo é irmão de Rose e é um dos maiores críticos, na Assembleia Legislativa, da administração de Marcos Trad. Há de se ressaltar que a campanha de 2016, quando a hoje deputada federal e na época vice-governadora disputou a Prefeitura de Campo Grande, foi num campo de muitos ataques, inclusive de ordem pessoal.
Passada a refrega, ocorreu aproximação entre Azambuja e Marcos Trad. Em 2018, o tucano recebeu apoio do prefeito para sua reeleição em troca de fazer o mesmo no pleito municipal. Isso contribuiu para que as pretensões de Rose ficassem quase impossível.
Sem unanimidade
Apesar da promessa de apoio mútuo dos dois administradores, a condução dos entendimentos está sob a responsabilidade dos diretórios municipais das siglas. No meio tucano, por enquanto, a oficialização dessa aliança não é unanimidade, uma vez que correntes internas defendem o lançamento de candidatura própria. Rose Modesto, por exemplo, é uma das defensoras de que o PSDB dispute a Prefeitura de Campo Grande e, obviamente, sendo ela a candidata.
Ex-vereadora, ex-vice-governadora (no primeiro mandato de Reinaldo Azambuja) e deputada federal mais votada de Mato Grosso do Sul, Rose está sendo cortejada pelo Partido Progressista (PP) e Podemos, onde pessoas de seu relacionamento político estariam sendo filiadas. Experientes nas estratégias políticas, a parlamentar não faz a mínima questão de esconder esses acenos. Tanto é, que se deixou fotografar, em Brasília, em conversas com os deputados estaduais Evander Vendramini e Gerson Claro, conforme mostrou o Correio do Estado na edição de quarta-feira (04/09). Caso os entendimentos evoluam, os progressistas têm maiores chances de conquistar Rose, devido a estrutura do partido.