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DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2024
29 de AGOSTO de 2019 | Fonte: O Globo

Dona das marcas Kipling e Timberland diz que não vai mais comprar couro de fornecedores brasileiros

Empresa afirma que só volta a adquirir produto quando tiver segurança de que material não contribui para dano ambiental.
Calçados da Timberland em loja de Nova York (Foto: Timothy Fadek / Bloomberg)

A empresa americana VF Corporation, fabricante de calçados e acessórios em couro e dona de 18 marcas, como Timberland, Kipling, The North Face e Vans, informou que não comprará mais a matéria-prima do Brasil por questionamentos sobre o respeito ao meio ambiente na cadeia de produção.

 

Em comunicado enviado ao GLOBO, a empresa, sediada em Denver, no Colorado, disse que, desde 2017, trabalha para que seus fornecedores estejam de acordo com os requisitos de “abastecimento responsável”.

 

A confirmação da VF Corporation de que suspenderá a compra de couro do Brasil ocorreu após a indústria brasileira de curtume ter recuado na informação sobre o risco deste banimento.

 

Na avaliação da dona das marcas Timberland e Kipling, que não especifica se a decisão tem relação direta com as queimadas na Amazônia, a empresa não consegue “assegurar satisfatoriamente que os volumes mínimos de couro comprados de produtores brasileiros sigam esse compromisso”.

 

A VF diz que interromperá as compras de fornecedores brasileiros “até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”.

 

A informação de que a VF havia suspendido as compras de couro brasileiro havia sido inicialmente relatada nesta quarta-feira (28/08) pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), associação que representa o setor, ao Ministério do Meio Ambiente.

 

Na carta, a instituição dizia que o anúncio da suspensão das importações era uma “informação devastadora” para o Brasil, uma “nação que exporta mais de 80% de sua produção de couros, chegando a gerar US$ 2 bilhões em vendas” ao ano.

 

Além disso, o texto enviado à equipe do ministro Ricardo Salles acrescentava que "é inegável a demanda de contenção de danos à imagem do país no mercado externo sobre as questões amazônicas".

 

No mesmo dia, porém, o CICB voltou atrás e afirmou , em nota à imprensa, que o fornecimento e exportações continuavam normais, sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de couro.

 

— Estamos recebendo mais telefonemas de clientes para pedir as mesmas informações sobre a origem do couro brasileiro que o setor já está acostumado a passar — diz José Fernando Bello, presidente do CICB.

 

Após o recuo da entidade que reúne fabricantes de couro, o presidente Jair Bolsonaro publicou a seguinte mensagem em rede social:

 

"Mais cedo, jornais publicaram que 18 marcas suspenderam a compra de couro brasileiro. Àqueles que torcem contra o país e que vergonhosamente divulgaram felizes a notícia, informo que o Centro de Indústria de Curtumes do Brasil negou tal suspensão. As exportações seguem normais", postou o presidente.

 

A mensagem do presidente foi postada antes da confirmação oficial das marcas americanas sobre a suspensão da compra de couro brasileiro.

 

O presidente da CICB deve ter uma reunião nesta quinta-feira com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Porto Alegre. Na pauta, medidas para minimizar os efeitos da crise de imagem do agronegócio brasileiro frente às queimadas.



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