Pães são produzidos por reeducandos da Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí e doados para instituições assistenciais do município (Foto: Divulgação) |
O trabalho artesanal de reeducandos da Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí (PSMN) tem contribuído diretamente para a alimentação de crianças carentes do município. Ao todo, são fabricados semanalmente 800 pães em uma padaria instalada dentro da unidade penal, beneficiando entidades filantrópicas locais.
Por meio de convênio, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), através da direção do presídio, realiza doações à Guarda Mirim e à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, de Naviraí; com 400 pães, por semana, para cada instituição.
Para o desenvolvimento dos trabalhos, as entidades doam os insumos e o presídio entra com os maquinários e a mão de obra de três reeducandos. A parceria existe há dois anos e tem tido grande sucesso.
Segundo o diretor da unidade penal, agente Rogério Capote, a previsão é que, ainda este ano, seja firmado convênio com a Prefeitura de Naviraí também, que irá atender as creches municipais. “A estimativa é produzirmos cerca de mil pães por semana somente nesta parceria, totalizando a confecção semanal de 1,8 mil pães”, destaca.
Além dessas doações, a unidade prisional também atende outras instituições assistenciais e religiosas com contribuições esporádicas, como o Lar das Crianças, Assembleia de Deus Missões e Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Atualmente, a produção consiste em pães de leite. “Mas os internos têm condições de fazer qualquer tipo, inclusive no final do ano passado foram confeccionados cerca de 3 mil panetones, que atendeu a todos os reeducandos da unidade e diversas instituições de caridade”, explica Capote. Todos os maquinários da padaria foram adquiridos por meio do projeto da Agepen junto ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Atendendo cerca de 120 crianças e adolescentes, com três refeições diárias, a Guarda Mirim realiza reforço escolar, atividades de lazer e de disciplina militar. Para o padrinho da Guarda, vereador Marcio Scalassara, essa união de esforços com o sistema penitenciário está sendo de grande valia, principalmente por ser uma entidade sem fins lucrativos e atendendo jovens carentes.
“Isso também nos mostra que os reeducandos têm feito a parte social deles e tem contribuído com uma sociedade melhor. Então só tenho a agradecer esse apoio e colaboração por parte da Agepen, que tem atendido muito as necessidades da Guarda Mirim”, ressalta Marcio.
Para aprimorar ainda mais o desenvolvimento dos trabalhos, os reeducandos participaram de um curso específico na área de panificação e confeitaria, oferecido pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec.
Ao todo, 20 reeducandos da PSMN foram qualificados, com aulas ministradas pelo Centro de Educação Profissional Senador Ramez Tebet. Com 160 horas, o curso envolveu aulas teóricas e práticas. Além do passo a passo para as receitas, desde os produtos aos equipamentos utilizados, os internos aprenderam sobre higiene e segurança, manipulação de alimentos, conceitos éticos e receberam noções de administração de negócios.
São fabricados semanalmente 800 pães em uma padaria instalada dentro da unidade penal, beneficiando entidades filantrópicas locais (Foto: Divulgação) |
Nesta área, o mercado é amplo e em constante crescimento; por isso é essencial realizar treinamentos e aperfeiçoar técnicas, como foi feito através da capacitação. Em média, o piso salarial da profissão varia entre R$1.500,00 a 2.000,00, tendo em vista a falta de profissionais qualificados no mercado.
Além disso, o padeiro pode atuar em padarias ou administrar seu próprio estabelecimento; pode também atender encomendas e pedidos, servindo eventos ou produzindo pães, tortas, bolos para serem vendidos em outros estabelecimentos.
Horticultura
Em Naviraí, outra frente assistencial no presídio, é o cultivo de hortaliças; no local, três reeducandos trabalham na manutenção da horta. Nos dias de visita, os familiares de detentos podem levar para casa as verduras produzidas na horta do presídio.
A entrega ocorre no último final de semana de cada mês, durante o dia destinado a visita de menores, que vão até o local acompanhado pelos responsáveis. Além dos familiares dos custodiados, as hortaliças cultivadas no local também são doadas a instituições assistenciais da cidade.
Cultivo de hortaliças é outra frente assistencial que ocorre na Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí (Foto: Divulgação) |
As ações relacionadas a atividades laborativas e de capacitação desenvolvidas em presídios de Mato Grosso do Sul são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio das Divisões de Trabalho e de Assistência Educacional, respectivamente.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, a ocupação produtiva aliada à qualificação profissional representa oportunidade concreta de reinserção no mercado de trabalho. “É preciso quebrar paradigmas e preconceitos sociais em relação aos apenados, por isso buscamos sempre parcerias para capacitar a mão de obra que existe dentro das unidades penais para o labor lícito e assim devolvermos bons profissionais à sociedade, o que contribui para a não reincidência no crime”, argumenta o dirigente.