O ex-presidente do Peru Alan García se matou na manhã desta quarta-feira em Lima com um tiro na cabeça, depois de receber uma ordem de prisão preventiva emitida pela Justiça. García, de 69 anos, era um dos quatro ex-chefes de Estado do Peru investigados sob a acusação de terem recebido suborno da construtora brasileira Odebrecht. Ele negava ter se envolvido em atos de corrupção.
Uma equipe especial da polícia chegou às 6h30 à casa do ex-presidente no bairro de San Antonio, em Miraflores, com a ordem de prisão preventiva por dez dias. García, então, subiu para o segundo andar dizendo que ia ligar para o seu advogado, contou o ministro do Interior, Carlos Morán. Em vez disso, o ex-presidente trancou a porta do cômodo. Quando os agentes tentaram entrar, ouviram o disparo. Ao entrar pela varanda, os policiais encontraram García sentado, com a marca de um tiro na cabeça.
Levado para o Hospital Casimiro Ulloa, em Lima, ele foi submetido a uma cirurgia, mas sofreu três paradas cardíacas e morreu depois de três horas. Diante do hospital, apoiadores choravam a morte de García.
Orador habilidoso que liderou por décadas um partido tradicional do Peru, o Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana), García governou o país como um nacionalista de 1985 a 1990 antes de se reinventar como um defensor do livre mercado e ganhar um novo mandato de cinco anos em 2006. No ano passado, ele pediu asilo político ao Uruguai depois que uma ordem judicial o proibiu de sair do Peru para evitar que fugisse ou interferisse nas investigações do caso Odebrecht. Montevidéu não aderiu à tese de perseguição política e rejeitou o pedido.