O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), pode ser o novo reforço do DEM para concorrer à reeleição, em 2020, e ser depois a principal opção do partido para a sucessão estadual, em 2022. As negociações políticas estão sendo conduzidas pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. No último fim de semana, ela se reuniu com prefeito para convidá-lo a cerrar fileiras no DEM.
Marcos Trad ficou de analisar a proposta por estar se sentindo deslocado e isolado depois de perder o controle do PSD para o seu irmão, senador Nelson Trad. Toda a diretoria foi destituída pelo presidente nacional do partido, o ex-ministro Gilberto Kassab, para Nelsin colocar políticos de sua confiança. A primeira “cabeça” a rolar foi a do advogado e presidente regional do PSD, Antônio Lacerda, que é secretário municipal de Governo e um dos principais auxiliares de Marcos Trad.
A eventual filiação de Marcos ao DEM poderá distanciá-lo do irmão, Nelson, por disputarem o mesmo espaço político em Mato Grosso do Sul. Hoje, de acordo com comentários de um político ligado aos irmãos, o PSD teria ficado pequeno para os dois.
O senador assumiu a presidência do PSD em Mato Grosso do Sul, depois de deixar o PTB, com a missão de reorganizar o partido e formar bancada no Senado. Com essa mudança, os dois irmãos poderão disputar o mesmo espaço político no Estado, porque os partidos têm objetivo comum de poder: ganhar as eleições nos principais municípios e conquistar o governo do Estado. E Campo Grande é o alvo preferido dos democratas por ser o maior colégio, com quase 600 mil eleitores.
A ministra Tereza Cristina, uma das lideranças nacionais mais expressivas do DEM, articula pessoalmente o fortalecimento do partido em Mato Grosso do Sul. E a filiação do prefeito de Campo Grande será grande meta da ministra para o projeto do DEM de conquistar o poder.
O Democratas se tornou protagonista na política brasileira com a eleição do deputado Rodrigo Maia (RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados e do senador Davi Alcolumbre (AP) para comandar o Senado. Com o comando do Congresso Nacional nas mãos, o projeto político dos democratas é ganhar força política nos estados com as próximas eleições municipais e estaduais.
O DEM de Mato Grosso do Sul tem dois ministros no governo Bolsonaro. Além de Tereza Cristina, o ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta está no Ministério da Saúde. O partido conta ainda com o vice-governador Murilo Zauith. Ele também é secretário estadual de Infraestrutura no governo de Reinaldo Azambuja.
Marcos Trad não ficará sem alguém da família por perto no partido, porque conviverá com o ministro Henrique Mandetta, seu primo.
Pelo PSD, ele disputaria a reeleição com apoio do governador Reinaldo Azambuja e, em 2022, eles ficariam, na teoria, juntos para a sucessão estadual. Marcos Trad, a princípio, seria o candidato a governador e Azambuja disputaria o Senado numa ampla aliança partidária.
No DEM, o partido poderá ter outro projeto político, porque com a eventual renúncia de Azambuja para disputar o Senado, o seu vice, Murilo Zauith, assumirá o cargo com direito de concorrer à reeleição.
Nas eleições de 2018, o DEM se uniu ao PSDB para apoiar a reeleição de Azambuja. Mas ninguém ainda tratou sobre a sucessão estadual com a eventual renúncia do atual governador para disputar o Senado. Murilo até evita falar sobre o assunto. “Não quero saber de falar sobre política nesse momento”, comentou.