Mesmo com a Operação Carne Fraca, escândalos e embargos ao setor frigorífico, Mato Grosso do Sul encerrou o ano de 2018 com volume de abates 3% maior que o registrado no ano anterior, de acordo com relatório do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Além disso, as exportações de carne bovina superaram os R$ 2 bilhões, em receita, valor 6,6% maior que em 2017.
De janeiro a dezembro do ano passado, segundo os números do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa) da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Mato Grosso do Sul (DFA-MS), foram abatidos pelos frigoríficos do Estado 3,2 milhões de cabeças de gado, 97 mil a mais que no mesmo período de 2017 (3,16 milhões de animais). Esse volume de abates representou 835,7 mil toneladas, 2,7% maior que do ano anterior, de 813,4 mil animais.
Segundo Régis Luís Comarella, do frigorífico Boibras e um dos diretores do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul (Sicadems), em 2018, os primeiros seis meses foram bons para a indústria de carnes, mas, entre julho e novembro, o desempenho foi muito ruim. “Os frigoríficos trabalharam com margem negativa”, pontuou.
Em dezembro, houve aquecimento e essa tendência se manteve no primeiro mês de janeiro. “Agora em fevereiro, tivemos um pequeno aquecimento nas vendas, mas não é muita coisa. A arroba do boi está em R$ 140, R$ 141 [preços à vista] e até poderia subir, desde que tivesse um aumento de consumo, o que não está acontecendo”, comentou. Em dezembro do ano passado, por exemplo, o valor da arroba fechou entre R$ 145 e R$ 146, o que representa recuo de 3,4%.
A aposta do setor para 2019 é o mercado externo, principalmente a China e a Rússia. “A expectativa é de que 2019 seja um pouco melhor para a indústria, desde que aconteça uma demanda maior para exportação e o mercado interno reaja, com um aumento de preços”, explicou.
PLANTAS
Apesar do desempenho, a indústria da carne trabalha atualmente com 70% das plantas frigoríficas ociosas no Estado e com a expectativa de haver reação das vendas quando ocorrer melhora nas exportações e abertura dos principais mercados internacionais, com reflexo sobre os preços. Somente entre o fim do ano passado e este mês, o valor da arroba do boi teve queda de 3,4%.
Para 2019, na avaliação do representante do Sicadems, a tendência é de manutenção dos frigoríficos que já estão instalados no Estado, não havendo previsão para novas operações. “Hoje, estamos trabalhando com uma capacidade de 70%”, comentou.
No ano passado, foram reativadas plantas frigoríficas em Nioaque e Santa Rita do Pardo. Também há frigoríficos investindo na ampliação da estrutura com o intuito de agregar valor ao produto, caso do Boibras, de São Gabriel do Oeste, que está ampliando o setor de desossa, com previsão de entrada em operação no mês de abril.
Exportações
As exportações do complexo frigorífico somaram de janeiro a dezembro de 2018 US$ 918,5 milhões, uma redução de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, e 36,8% do total alcançado é oriundo das carnes desossadas de bovinos congeladas, que totalizaram US$ 338,4 milhões, tendo como principais compradores Hong Kong, com US$ 185 milhões; Chile, com US$ 146,6 milhões; China, com US$ 65,7 milhões; Emirados Árabes Unidos, com US$ 62 milhões; e Arábia Saudita, com US$ 56,1 milhões.
De acordo com o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, “mesmo com as operações deflagradas pela Polícia Federal, os escândalos em grandes grupos frigoríficos e os embargos à exportação de carne de MS, o Estado conseguiu fechar 2018 com crescimento de 6,6% em receita gerada pela comercialização ao mercado estrangeiro. Foram movimentados US$ 546 milhões no ano passado, diante de US$ 512 milhões do ano anterior. Em reais, o valor supera os R$ 2 bilhões”, ressaltou o economista.
OUTROS ABATES
Ainda conforme o relatório do Mapa, os frigoríficos de aves abateram em 2018 163,9 milhões de cabeças em Mato Grosso do Sul, fechando em queda de 4,3% no comparativo com o ano anterior. Em 2017, o total de aves abatidas foi de 171,4 milhões.
Em relação ao rebanho de suínos, os abates tiveram crescimento de 17,6% e passaram de 1,5 milhão, em 2017, para 1,8 milhão de animais no ano passado.