Prestes a chegar à Assembleia Legislativa levado por uma votação recorde na eleição de outubro na história do Estado, o capitão do Exército Renan Barbosa Contar, o Capitão Contar (PSL), admite colocar “o nome à disposição” na disputa pelo comando da Casa de Leis a partir de 2019. O projeto já é alvo de conversações nos bastidores políticos do Estado, tendo respaldo de seus correligionários e até mesmo insinuações em eventos públicos sinalizando apoio de entidades da sociedade civil –bem como uma eventual disputa pelo cargo.
“Sou deputado eleito, uma pessoa nova na política. Quero fazer parte do time que vai fazer algo diferente pelo Estado”, disse Contar, em entrevista por telefone ao Campo Grande News. Ele lembrou que, embora a disputa não envolva diretamente o eleitor –já que a votação envolve os 24 deputados estaduais–, “eticamente o que as pessoas querem é renovação”, algo que vincula diretamente ao resultado que atingiu nas urnas.
“Fui o mais votado (em outubro), com 78.390 votos. Sinal de que a maioria das pessoas quer essa renovação”, destacou o futuro deputado que, nessa perspectiva, confirmou interesse na disputa. “Coloco o meu nome à disposição para renovação também na Assembleia”, prosseguiu Contar, afirmando “acompanhar de perto” as movimentações no Legislativo e considerar, sem citar nomes, que na Casa há pessoas “que estão há muitos anos e nem sempre comprometidas ou ideais para comandar a Assembleia”.
Experiência – Embora vá exercer um mandato eletivo pela primeira vez, o Capitão Contar não coloca como exigência para comandar o Legislativo. “O tempo de casa, ao meu ver, não necessariamente significa que se tem compromisso ético com as pessoas. Não é o tempo de Casa que vai definir qual é o melhor representante popular, e sim o comprometimento de cada um”.
Contar coloca como exigências, tanto para “ser um bom deputado” como para comandar a Casa, “estar ao lado do povo e seguir o regimento (interno, o conjunto de regras a ser seguido pelo parlamento e seus integrantes)”. “Precisa ter experiência política para seguir o regimento, fazendo o correto? Se presidir a Casa, compor a Mesa for estritamente seguir o regimento, a ética e a lei, também estou preparado”.
Já a possibilidade de obter os votos necessários em uma eventual disputa, o futuro parlamentar condiciona “à cabeça e ao coração de cada deputado”. Na sua avaliação, o papel da Mesa Diretora deve ser pacificador e isento. “Tem de estar ao lado da verdade. Acho que uma bandeira de renovação é boa tanto para o governo como para a sociedade”.
Ao mesmo tempo, Contar afirma não ter colocado o projeto na rua. “Recebo ligações todos os dias, mas publicamente ainda não me pronunciei”, disse. Sábado (1º), durante jantar de confraternização da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), o presidente da entidade, João Carlos Polidoro, fez menção a contar em discurso o saudando como possível presidente do Legislativo.
Disputa – Caso a mobilização em torno de Contar seja mantida, indicará uma disputa pelo comando da Assembleia. Além do estreante do PSL, o PSDB afirma não abrir mão de emplacar o futuro presidente da Mesa Diretora.
Depois de uma primeira reunião realizada há duas semanas e do adiamento do anúncio, marcado para a semana passada, a direção estadual do partido marcou para as 18h desta terça (4) o comunicado sobre o escolhido para iniciar a construção do projeto. Quatro dos cinco integrantes da nova bancada peessedebista anunciaram-se como candidatos: Felipe Orro, Onevan de Matos, Paulo Corrêa e Professor Rinaldo.
Corrêa já conta com o apoio de Rinaldo, conforme apurou a reportagem, ao passo que Onevan e Orro também teriam se aproximado –em favor do primeiro, que espera o voto do colega. Marçal Filho, por sua vez, deve ser decisivo. Internamente, a cúpula tucana deixa claro que, independentemente do escolhido, o partido deve marchar unido no processo de construção da candidatura.
A demora na definição já chamou a atenção do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) que, na semana passada, advertiu que, enquanto os tucanos demoram na definição, outras bancadas estão se movimentando.
Com três deputados em 2019, o MDB tinha em Eduardo Rocha um possível candidato ao comando da Assembleia, porém, o próprio deputado disse ter recuado da intenção. Márcio Fernandes, por sua vez, reforça que o partido tenta ampliar uma composição que já conta com o Patriota, de Lídio Lopes, e o PT de Cabo Almi e Pedro Kemp. A formação do grupo mira os outros cargos da Mesa Diretora –que inclui três secretarias e três vice-presidências.
A futura Assembleia Legislativa se mostrará plural, com dez partidos representados: o PSDB (com cinco deputados); o MDB (três); PT, PSL, PP, Solidariedade e DEM com dois parlamentares cada; e seis partidos com um deputado cada (PDT, Patriota, PSD, PTB, PRB e PR). Quanto maior a bancada, maior a representatividade pleiteada por cada partido ou bloco, representando, por exemplo, mais espaço em comissões permanentes.