Com 19.950 veículos aptos para leilão nos pátios do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS), o órgão abriu leilão que será realizado entre os dias 17 e 21 de dezembro. Este é o terceiro certame da pasta em 2018, desta vez para se desfazer de 938 toneladas de veículos para reciclagem, por serem sucatas inservíveis a outro fim, apreendidos e recolhidos em diversas agências do Detran.
O lote único estará exposto na sede do pátio de Detran, em Campo Grande, e nos demais pátios das demais Agências de Trânsito (Ciretran) do Estado, durante o horário de atendimento ao público, das 7h30 às 13h30, até o último dia útil anterior ao início da realização. O público do leilão são pessoas jurídicas que atestem as exigências de comprovação do ramo de atividade, de siderurgia ou reciclagem. Entre as exigências de preparação está a retirada de fluídos e prensagem dos veículos sucatas inservíveis. Os lances virtuais poderão ser feitos a partir das 12h do dia 17 de dezembro até às 17h do dia 21 do mesmo mês, neste site.
Reportagem publicada pelo Correio do Estado no dia 9 de abril deste ano mostrou que levaria quase seis anos para dar destinação a todos os mais de 19,9 mil veículos que estão no pátio do Detran, de acordo com o levantamento divulgado na época. Isso porque a quantidade de carros, motos e outros veículos efetivamente leiloados e entregues caiu 81% entre 2016 e 2017, passando de 6.052 para apenas 1.148.
Porém, com base nos dados apresentados pelo Detran a média de veículos leiloados por ano é de 3,6 mil, com isso seriam necessários pelo menos seis anos para que todos os itens que estão atualmente no pátio do órgão destinados para desmanche, reciclagem e circulação deixem o local. No total são 42.076 veículos apreendidos em Mato Grosso do Sul sob a custódia do Departamento de Trânsito, e 47,4% estão aptos para serem leiloados. Em nota, o Detran explicou que a “aptidão leva em conta apenas os prazos de custódia”, pois nem todos os veículos estão com as etapas burocráticas completas.
Mas a queda na quantidade de leilões realizados e veículos entregues, que deixaram o pátio do órgão, demonstra que a tendência é que o local fique ainda mais lotado. No ano de 2016 foram concluídos sete leilões, seis na modalidade desmanche em Campo Grande (2), Dourados (2), Sidrolândia (1), Três Lagoas (1), com total de 2.252 veículos. Além de um de reciclagem com 3.530 veículos, o equivalente a 600 toneladas.
Já em 2017 foram realizados somente três leilões - redução de 57% em relação ao ano anterior -, dois de desmanche com total de 1.096 veículos na Capital (apenas 208) e em Dourados. Também ocorreu um na modalidade circulação - na Capital -, com 52 veículos. O primeiro leilão feito este ano disponibilizou apenas 300 veículos (automóveis) para desmanche. A reportagem não teve acesso as informações relativas ao segundo leilão.
PROBLEMA
Sem proteção ou armazenamento adequado, os veículos ficam expostos ao tempo - sol, chuva -, contribuindo para virarem sucata rapidamente. A partir de dois anos podem ser reciclados, ou quando o motor está queimado, tem suspeita de adulteração, batida frontal e não estão mais passíveis de circulação e nem para desmanche.
Os veículos são encaminhados para o órgão quando apreendidos em ações policiais que confirmem alguma irregularidade - atrasos em pagamentos do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), licenciamento ou mesmo multas contra o proprietário - e ainda quando estão envolvidos em acidentes. Muitos carros estão batidos, em alguns casos parcial ou totalmente destruídos.
Além disso, o Detran não oferece nenhum tipo de cuidado para os veículos, mesmo os que são leiloados para circulação. Todos ficam da mesma maneira. A falta de segurança também é outro problema já que o próprio Detran afirma que nos pátios do interior, onde não há sistema de monitoramento, há relatos de furtos. Na Capital o órgão não confirma que os veículos são “depenados”, pois tem segurança (terceirizada), cerca elétrica e câmeras.
O valor dos itens é estabelecido com base da tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que expressa preços médios de veículos no mercado nacional, que serve como parâmetro para avaliações. A Fipe alerta que os preços efetivamente praticados variam em função da região, conservação, cor, acessórios ou qualquer outro fator que possa influenciar as condições de oferta e procura por um veículo específico.
Os veículos para desmanche podem ter peças reaproveitadas desde bancos até partes do motor, com exceção do chassi. Já as sucatas só podem ser arrematadas para reciclagem, sem nenhum aproveitamento. Nos dois casos apenas empresas cadastradas em qualquer Detran podem participar do leilão, pessoas físicas podem arrematar veículos para circulação.