O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, defendeu hoje (20/10) a autonomia política do Banco Central (BC) e a manutenção de um tripé macroeconômico no país. Ele concedeu uma rápida entrevista à imprensa no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro, onde gravou programa eleitoral da campanha no segundo turno.
Perguntado se tem intenção de manter no cargo o presidente do BC, Ilan Goldfajn, caso seja eleito, o candidato afirmou que a decisão cabe ao economista Paulo Guedes. “Nem tudo tem que ser mudado do governo Temer. O que está dando certo não tem que ser mudado, mas tem muita coisa errada também”, disse Bolsonaro sem citar exemplos de medidas malsucedidas adotadas pela gestão atual.
Reeleição
Na entrevista, o presidenciável também defendeu o fim da reeleição e a redução do número de parlamentares no Congresso Nacional. “Fala-se muito em reforma política, mas o presidente não tem autoridade para tal. Cada parlamentar vota de acordo com seu interesse. Da minha parte, vou conversar com o Parlamento com vistas a uma reforma. Acabar com o instituto da reeleição e reduzir de 15% a 20% a quantidade de parlamentares”, disse.
Indústria
Para o candidato do PSL, o país passa por um processo de desindustrialização e é preciso voltar a estimular o setor. “Não podemos continuar exportando minério de ferro e importando uma canoa de aço de volta. Temos que agregar valor, fomos desindustrializados nos últimos anos, e tem que se buscar uma maneira de incentivar e estimular para que a indústria seja próspera no Brasil.”
Bolsonaro também foi perguntado sobre nomes que vão compor o seu ministério, no caso de ele ser eleito. Disse que pretende desmembrar o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Ele confirmou a intenção de indicar o tenente-coronel da reserva Marcos Pontes para o comando do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Política externa
Ao falar sobre o Mercosul, o candidato afirmou que não se pode “jogar para o alto” o acordo. “O que não pode é continuarmos usando acordos como esse em função de interesses ideológicos como o PT fez”, criticou. Ele defendeu a assinatura de acordos bilaterais pelo Brasil. “Vamos partir para o bilateralismo onde for possível. Conversei com o [ Mauricio] Macri [presidente da Argentina], ontem com o do Paraguai, encontrei senadores do Chile. Vamos buscar fazer acordos com ao países da América do Sul sem o viés ideológico.”
Sobre comparações feitas entre ele e presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro respondeu: “Trata-se de querer um Brasil grande assim como ele quer uma América grande.”
O candidato fez elogios ao presidente norte-americano. “Ele diminuiu a carga tributária do setor produtivo, foi criticado, mas isso gerou emprego e atraiu novas empresas de fora. A Inglaterra fez isso há 20 anos. Admiro muito ele [Trump] por isso aí, ou vão querer que eu admire [Nicolás] Maduro [presidente venezuelano] ou o governo cubano?”
Jair Bolsonaro comentou ainda a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que desapareceu no dia 2 de outubro após ir ao consultado de seu país em Istambul, na Turquia, para buscar documentos. Segundo a Procuradoria-Geral da Arábia Saudita, Khashoggi morreu em uma briga dentro do consultado. A versão contrasta com a dos veículos de imprensa turcos e americanos, que indicam uma execução de Khashoggi por agentes sauditas próximos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. “Se comprovado, foi assassinato. Não tenho palavras para repudiar uma ação como essa”, disse Bolsonaro.