Após paralisar as obras no ano passado e deixar comunidade e autoridades locais em meio à incerteza sobre o futuro do megaempreendimento, a gigante chinesa BBCA Group, que pretende instalar uma indústria de química fina de milho em Maracaju, ensaia a retomada dos investimentos. Nesta semana, o grupo assinou repactuação do termo de incentivo fiscal mantido com o governo do Estado, no qual se compromete a investir R$ 2,9 bilhões na cidade, sendo R$ 400 milhões inicialmente em 2019, para iniciar a operação em 2020. O número de empregos gerados deve chegar a 1.500.
A proposta da esmagadora foi uma das 40 analisadas nesta semana durante o Fórum MS Indústria, que avaliou a revalidação de incentivos fiscais de empresas instaladas em Mato Grosso do Sul e que aderiram ao Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e Equilíbrio Fiscal do Estado (Fadefe). No total, 35 empresas se comprometeram a criar 2.154 empregos e investir R$ 4,2 bilhões em 18 municípios do Estado.
Para ter o termo de adesão revalidado, a empresa apresentou cronograma de entrega de cada etapa das obras do complexo industrial – a última delas deve entrar em operação ao fim de quatro anos, segundo informações da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).
“Hoje, existe um compromisso de que até o fim de 2019 eles vão investir R$ 400 milhões. Considerando o que eles já investiram, eu acredito que seja em torno de R$ 150 milhões, eles assumiram colocar a primeira planta em operação no início de 2020 e construir em 2019 essa primeira planta. Então, a cada ano eles acrescentam uma planta, até chegar ao fim, em quatro anos, [conforme] eles se propuseram”, explicou o secretário Jaime Verruck.
Cada etapa passará por monitoramento permanente, a ser realizado pelo governo do Estado, e também deverá ter acompanhamento da prefeitura de Maracaju, que cedeu área de 70 hectares para o grupo. “Em janeiro, será realizado o primeiro monitoramento”, informou.
DEMORA
O projeto da BBCA em Maracaju se arrasta desde 2013, quando a empresa visitou e confirmou que a cidade receberia o empreendimento. O lançamento oficial da construção da indústria se deu dois anos mais tarde. Atualmente, apenas dois armazéns, um barracão e 30 casas com 60 habitações para trabalhadores estão prontos no local. As vias de acesso ao complexo também estão finalizadas.
De acordo com o titular da Semagro, pesou para a concessão da repactuação do termo com a BBCA o impacto que o complexo industrial deve trazer para a cadeia produtiva do Estado. “É um empreendimento que interessa muito para a matriz do Estado. O nível de agregação que eles vão dar, a matéria-prima, é uma indústria que ainda é incipiente no País. No Estado, nós tem temos ainda uma indústria dessas. Então, para nós, é uma planta, do ponto de vista da diversificação do Estado, fundamental. Isso pesou e nós pressionamos para que eles fizessem o cronograma, assim poderemos fazer um monitoramento. É muito mais pelo interesse dessa indústria matriz para o Estado”, enfatizou.
PROJETO
Em anúncios anteriores, a BBCA afirmou que a fábrica de Maracaju será uma unidade industrial química a partir do processamento do milho e da cogeração de energia.
Além de 1,2 milhão de toneladas de milho, o projeto prevê a capacidade de produção anual de 150 mil toneladas de ácido cítrico, 60 mil toneladas de xarope de maltose, 300 mil toneladas de amido de milho, 60 mil toneladas de dextrose cristalina, 150 mil toneladas de lisina e outros subprodutos relacionados. A capacidade levará a chinesa ao topo da produção mundial de ácido cítrico, além de consolidar o grupo como um dos maiores produtores de vitaminas A, B, C e E.
Em uma próxima etapa, os chineses projetam processar 1 milhão de toneladas de soja por ano, bem como 170 mil toneladas de óleo de soja e 810 mil toneladas de pasta de feijão.