Dez membros de uma célula jihadista ligada ao grupo Estado Islâmico foram condenados pela Justiça da Espanha a até 12 anos de prisão nesta terça-feira (10). Dentre os condenados está o goiano Kayke Luan Ribeiro Guimarães.
Três dos réus receberam penas de 12 anos de prisão pelo crime de formar uma organização terrorista na condição de dirigentes, enquanto os outros sete, entre eles o brasileiro, têm pena de 8 anos, por serem considerados apenas participantes.
Planos
À correspondente da GloboNews em Madri, Luisa Belchior, a mãe do brasileiro disse que vai recorrer e que acredita na versão do filho, de que ele estava de férias na Turquia. A mãe do brasileiro afirmou ainda que Kayke é um cidadão de bem.
De acordo com a Justiça da Espanha, o grupo fotografou marcos de Barcelona que cogitavam atacar e consideraram também sequestrar uma pessoa, vesti-la com um macacão laranja e executá-la enquanto gravavam um vídeo.
Os acusados, diz a Justiça, constituíram uma célula ou grupo terrorista "com o único propósito e razão de atender e servir aos princípios identificados com o Daesh (Estado Islâmico), atentos para realizar, a qualquer momento, um ataque contra instituições como a polícia, entidades bancárias ou interesses judeus estabelecidos na Espanha, ou se juntar às fileiras do Daesh", detalha nota do Judiciário espanhol.
O brasileiro foi preso em 2014 quando estava tentando atravessar a fronteira da Bulgária com a Turquia para chegar à Síria. Ele já estava sendo monitorado pela polícia da Catalunha, que tinha indícios de que ele tinha ligações com uma célula do Estado Islâmico. Ele foi levado de volta para a Espanha, onde ficou preso.
O Itamaraty diz que vem acompanhando o caso desde 2014. "Agentes consulares brasileiros realizaram visitas aos estabelecimentos prisionais em que o brasileiro se encontrou detido, prestando-lhe assistência, verificando seu estado de saúde e mantendo contato com sua família", afirma nota do ministério, acrescentando que não pode fornecer informações pessoais sobre o brasileiro.
Organização
A sentença espanhola afirma que pelo menos desde o primeiro trimestre de 2014 começou a se formar entre os frequentadores da mesquita da cidade catalã de Terrasa um grupo de pessoas que, com uma visão radical do Islã, pretendia que seus membros constituíssem uma célula satélite do Estado Islâmico capaz de levar adiante os postulados dessa organização terrorista. Eles denominaram esse grupo "Fraternidade Islâmica, Grupo para a pregação do Jihad".
Os líderes da célula começaram uma campanha de recrutamento e doutrinação de jovens para realizar dois objetivos: abandonar a Espanha para integrar-se como combatentes na Síria ou no Iraque, ou realizar ataques contra alvos relevantes dentro do país.