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DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2024
26 de JANEIRO de 2018 | Fonte: G1-MS

PF e CGU montaram equipe especial por 1 ano para apurar desvios em hospitais de MS

Força-tarefa analisou quebra de sigilo bancário, fiscal e interceptação telefônica dos envolvidos para chegar ao resultado da operação Again.

A Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU), em Campo Grande, montaram uma equipe especial somente para apurar o desvio de recursos em hospitais públicos. Por 1 ano, agentes e técnicos analisaram a quebra de sigilo bancário, fiscal e interceptação telefônica dos servidores públicos envolvidos, além do médico cardiologista Mércule Cavalcante e o empresário Pablo Figueiredo.

 

"Além da quebra [de sigilo] e interceptação, tivemos a análise em contratos a fim de confirmar a fraude. Foi uma força-tarefa, um ano de trabalho em conjunto da CGU e PF somente para chegar ao resultado da operação Again. Tivemos que separar equipe para este trabalho, pois, existem outras ações em andamento", afirmou ao G1 o superintendente da CGU-MS José Paulo Barbiere.

 

Neste período, ainda conforme Barbiere, a equipe desenvolveu um "método de investigação" e descobriu ser este um esquema semelhante ao que foi apurado durante a operação Sangue Frio, deflagrada em 2013. "Desta vez, percebemos novos servidores, novos envolvidos, porém, com o mesmo modus operandi da ação anterior voltada à saúde pública", avaliou o superintendente.

 

No caso da competitividade das licitações, José Paulo explica que ficou constatado o "favorecimento e direcionamento a empresas vinculadas ao grupo envolvido, além de contratações a preços superiores". "Tudo isso causou prejuízo ao erário. Percebemos, assim como na operação anterior, o médico dando pareceres técnicos subjetivos a fim de favorecer empresas pré escolhidas para contratação", explicou.

 

Com centenas de documentos apreendidos, está ocorrendo a análise. "O trabalho continua de maneira considerável, contínua e sigilosa. As fiscalizações são rotineiras na CGU e também necessárias para o aprefeiçoamento da gestão. Neste caso, fazíamos uma vistoria, quando soubemos de uma denúncia crime apresentada na Polícia Federal. Os levantamentos começaram em seguida", complementou Barbiere.

 

Ao todo, a polícia cumpriu 20 mandados de busca e apreensão, além de 2 medidas cautelares. O médico e o empresário têm o prazo de 3 dias para colocar a tornozeleira.

 

Hipóteses para desvio

A investigação afirma ter 3 linhas para o desvio milionário de kits de materiais hospitalares de instituições públicas de Campo Grande. "Uma das hipóteses é a subtração dos kits, um simples desvio. Outra seria a retirada depois do vencimento, não tendo um destino de descarte quando o produto está fora de validade. E uma terceira hipótese é de serem retirados, esterilizados e colocados para uso no mercado novamente", afirmou ao G1 o delegado Marcelo Botelho, da Delegacia de Combate à Corrupção (Decor).

 

Propina

Suspeito de agir em conluio com empresário e fraudar licitações de hospitais públicos de Campo Grande, o cardiologista Mercule Cavalcante recebia como propina viagens e carros de luxo, além de possíveis pagamentos em espécie que estão sendo investigados. De acordo com a Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União (CGU), os veículos são avaliados entre R$ 200 a R$ 300 mil.

 

A direção do Hospital Universitário informou que a instituição está colaborando com as investigações e que disponibilizou todos os documentos solicitados pela PF e CGU.

 

"Há indicativos de que eles vendiam os carros de luxo sem que a formal propriedade passasse pelo investigado. Foram 4 viagens, sendo 3 delas suportadas pelo próprio empresário", afirmou ao G1 o delegado Cléo Mazzotti, responsável pelas investigações, ressaltando que os agentes estiveram em duas revendedoras de veículos para fazer buscas, na manhã desta quinta-feira (25).

 

Umas das viagens teve Miami como destino e a investigação apura se o médico foi sozinho ou levou toda a família, ainda de acordo com a polícia. Os outros destinos seriam para congressos voltados a área médica. No caso dos carros, entre eles tem uma BMW, a investigação tenta descobrir como eles foram repassados ao suspeito.Médico recebia carros de luxo e viagens como propina por desvio em hospitais públicos de MS, diz PF

 

Fraude

De acordo com a PF, os investigados colocavam sobrepreço em materiais a serem licitados, desviavam tais produtos comprados com dinheiro público para serem utilizados em clínicas particulares, recebiam alguns com prazo de validade e qualidade inferiores ao previsto nos contratos e ainda tentavam dificultar as fiscalizações da CGU.

 

A investigação recebeu o nome de “Operação Again”, em alusão ao fato de se tratar de metodologia criminosa semelhante àquela que restou desarticulada pela “Operação Sangue Frio”, deflagrada em 19/03/2013, contudo, com novos integrantes do esquema.

 

Hospital

Em nota, o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian informa "que está colaborando com as investigações, fornecendo documentos e arquivos e abrindo as portas da instituição". O hospital afirma ainda que lamenta os eventuais desvios de recursos e materiais e que tem se empenhado "firmemente no controle de despesas".

 

Uma prova disso, segundo o hospital, é que desde o ano passado funcionários dos setores administrativo e financeiro têm participado de cursos de controladoria e auditoria internas com a CGU a pedido da própria direção do hospital.



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