O produtor da região de Dourados tem neste ano de 2014 as melhores condições climáticas dos últimos três anos, conforme avaliam especialistas e segundo aponta a base de dados da Embrapa Agropecuária Oeste.
“O que temos observado e ouvido de assistentes técnicos é que nesses últimos três anos a produção tem pegado condições climáticas muito favoráveis, sendo 2014 o melhor deles. Isso porque tivemos ocorrência de chuvas bem distribuídas, e não houve geada. Em maio e junho tivemos chuva abaixo da média, mas bem distribuídas, o que não proporcionou ocorrência relevante de deficiência hídrica”, explicou o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Ricardo Fietz, em entrevista ao Dourados News.
Somente neste mês de julho, a média de chuva acumulada até o momento é de 108 milímetros, sendo a que média histórica dos últimos 35 anos é de 46.4 milímetros. A geada, que é o ‘grande temor’ dos produtores rurais, não se fez presente, e a projeção histórica é de que não deva mais acontecer.
“Quando a temperatura está acima de quatro graus dificilmente ocorre geada, e nossa menor temperatura até agora foi de 6.3°C. Pode ser que ocorra em agosto, mas historicamente 85% dos registros de geada foram em junho e julho. Somente 15% remetem ao mês de agosto. Este ano o inverno está mais suave, e isso foi muito bom para a safra. Se acontecer geada em agosto, o que é difícil, mas possível, não haverá grandes impactos. Isso porque o milho já está pronto”.
De acordo com informação da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), a colheita iniciada no começo deste mês já atinge uma média de 20% da área plantada em todas as regiões do Estado. A estimativa é de que o trabalho se encerre até o fim do mês de agosto.
“O trabalho está rápido, e seu andamento depende das condições de umidade do solo e da entrada do maquinário na lavoura. Mas, tudo está dentro das projeções iniciais. Naturalmente a chuva atrapalha um pouco a operação de colheita, mas isso não deve prejudicar o andamento do cronograma”.
Apesar de cenário favorável, retorno econômico não será ‘tão bom’
Ainda conforme o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, os produtores colhendo estão satisfeitos com a produtividade, já que alguns inclusive estão ultrapassando o volume de 100 sacas por hectare. No entanto, isso não significa uma boa safra em retorno econômico.
“O milho está com o preço muito baixo no mercado, então apesar da produtividade excelente que o produtor está encontrando, isso não significa que ele terá um retorno econômico gigante. Tudo depende de variáveis que não dependem dele, como é o caso do preço do milho e a influência do mercado internacional nisso”, finalizou Fietz.
De acordo com a Famasul a projeção para colheita de milho safrinha este ano é de 7,5 milhões de toneladas em Mato Grosso do Sul. No cenário nacional, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) projeta uma produção de 76,3 milhões de toneladas de milho para este ano, considerando tanto o volume da primeira quanto o da safrinha, que corresponde a 45 milhões.