Em Caarapó, na região sul de Mato Grosso do Sul, o clima de tensão entre produtores rurais e indígenas voltou a preocupar um ano após o confronto que matou um índio e feriu outros seis, além de três policiais durante conflito agrário. Segundo a Polícia Militar, desde domingo (30), indígenas tentam ocupar uma propriedade rural às magens da MS-280, na saída para Laguna Caarapã.
Comandantes das forças de segurança do município, a 264 km de Campo Grande, se reuniram para traçar estratégias e tentar evitar novos conflitos por terra.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que os indígenas ocuparam parte da fazenda Santa Maria, que tem 3.200 hectares de área, mas a situação começou a ficar tensa depois que os indígenas ameaçaram ocupar a sede da fazenda.
Ainda segundo a Funai, um estudo de demarcação na região foi feito em 2016 e apontou que parte da fazenda fica em terras indígenas. Atualmente, 17 propriedades entre grandes e pequenas estão ocupadas na região.
Pelo menos 80 homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar e policiais da Força Tática de Dourados estão na região, além da Força Nacional.
A família dona da propriedade colocou seguranças para cuidar da sede da fazenda e o gerente já saiu do local. Lideranças indígenas disseram que o movimento é liberado por índios do extremo sul do estado, que não são da aldeia Tey Kue de Caarapó.
Histórico
Em junho de 2016, o agente de saúde, Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, morreu e outros seis índios ficaram feridos durante conflito com fazendeiros na região. Três policiais que trabalhavam na região também foram feridos. Os militares tinham ido acompanhar o Corpo de
Bombeiros em socorro às vítimas do conflito e acabaram sendo feitos reféns pelos índios. Eles tiveram armas e coletes balísticos recolhidos.
Dourados Amambaipeguá I
A Terra Indígena Dourado-Amambaipeguá I abriga quatro comunidades (tekoha) denominadas Javorai Kue, Pindo Roky, Km 20/ Urukuty e Laguna Joha, com população aproximada de 5.800 pessoas, de acordo com a Funai.
Devido ao processo de expropriação dos territórios indígenas, que teve início em 1882 com o início da atividade de produção de erva-mate e a chegada de colonos gaúchos após a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), os guarani-kaiowá passaram a viver dispersos pela região, conforme a fundação.