O Conselho de Administração da Petrobras avaliou que seu Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 será de US$ 74,1 bilhões. O valor é 25% menor que os US$ 98,4 bilhões previstos para o plano do período anterior, anunciado em janeiro deste ano. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (20), por meio de um comunicado enviado ao mercado.
Nesse período, a petroleira Petrobras vislumbra que sua recuperação financeira estará consolidada.
"A carteira de investimentos do plano prioriza projetos de exploração e produção de petróleo no Brasil, com ênfase em águas profundas. Nas demais áreas de negócios, os investimentos destinam-se, basicamente, à manutenção das operações e à projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás natural", afirma o comunicado.
Analistas ouvidos pela agência Reuters aguardavam investimentos até 2021 de cerca de cerca de US$ 80 bilhões.
A redução dos aportes é ainda maior quando comparada com o plano de negócios da petroleira em 2014, de US$ 220,6 bilhões em cinco anos, quando a companhia ainda não havia reportado perdas bilionárias pelo escândalo de corrupção e os preços do petróleo estavam mais altos.
“Nos próximos dois anos estaremos concentrados na recuperação da solidez financeira da Petrobras, como uma empresa integrada de energia que tem foco em óleo e gás. No horizonte total dos cincos anos desse planejamento, a nossa proposta é que a empresa tenha sido saneada, tenha padrões de governança e ética inquestionáveis para sustentar uma produção crescente, mas realista, e capaz de investir e se posicionar nos processos de transição por que passa o mercado de energia no mundo”, disse o presidente da empresa, Pedro Parente, por meio de nota enviada à imprensa.
A Petrobras prevê investimentos da área de Exploração e Produção de US$ 60,6 bilhões, sendo que 76% do montante será alocado para desenvolvimento da produção, 11% para exploração e 13% para suporte operacional. No plano anterior, a principal divisão da empresa receberia investimentos de US$ 80 bilhões.
Já a área de Refino e Gás Natural receberá investimentos de US$ 12,4 bilhões no período, sendo 50% destinados à continuidade operacional dos ativos e o restante a projetos relacionados ao escoamento da produção de óleo e gás. No plano anterior, a divisão de Abastecimento tinha uma previsão de US$ 10,9 bilhões e a de Gás e Energia, de US$ 5,4 bilhões.
Venda de ativos
O plano apresentado também inclui a "vendas de ativos", chamada de desinvestimentos. De acordo com a companhia, estão previstos US$ 19,5 bilhões de "parcerias e desinvestimentos" entre 2017 e 2018. A Petrobras sairá das atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP, produção de fertilizantes e das participações em petroquímica.
A petroleira prevê que essas iniciativas, associadas a uma geração operacional de caixa estimada em US$ 158 bilhões, permitirão à Petrobras realizar seus investimentos e reduzir seu endividamento, sem precisar fazer novas captações.
Produção
A companhia afirmou que espera alcançar uma produção total de óleo e gás, no Brasil e no exterior, de 3,41 milhões de barris de óleo equivalente por dia em 2021: 2,77 milhões de barris por dia de óleo e líquido de gás natural no Brasil.
Gestão
No comunicado, a Petrobras disse que será adotado um sistema de gestão baseado na meritocracia, acompanhamento sistemático e correção de desvios, com o objetivo de "garantir a disciplina na execução das iniciativas e no alcance das metas estabelecidas no Plano de Negócios e Gestão".
Planos anteriores
O Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, anunciado em junho de 2015, previa inicialmente US$ 130,3 bilhões em investimentos, uma redução de 37% na comparação com o ano anterior.
Depois, foi reduzido para US$ 98,4 bilhões, queda de US$ 32 bilhões ou de 24,5% ante a projeção inicial, principalmente devido à otimização do portfólio de projetos e do efeito cambial, em meio a preços do petróleo mais baixos.
No plano para 2014-2018, a companhia chegou a prever investimentos de US$ 220,6 bilhões.
Na ocasião, a companhia informou que o plano tinha como "objetivos fundamentais a desalavancagem da companhia e a geração de valor para os acionistas".