Prédios em ruínas, vias públicas tomadas por buracos, monumentos e pontos turísticos degradados. A descrição caberia perfeitamente a um cenário de pós-guerra, após batalhas arrasarem determinado local, mas, na verdade, é como quem caminha por Campo Grande enxerga a cidade. O caos na Capital enterra investimentos milionários e escancara a inércia das autoridades responsáveis diante dos problemas do município.
No fim do mês passado, o prefeito Alcides Bernal (PP) anunciou que vai concluir 44 obras na cidade entre o fim deste ano e o de 2017, com aplicação de R$ 45 milhões em recursos públicos, sendo R$ 11 milhões de origem municipal. A meta foi divulgada durante evento na futura Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) do bairro Zé Pereira, uma das edificações inacabadas na Capital. A construção do prédio começou em 2013, com investimentos de aproximadamente R$ 1 milhão, mas, até agora, o local só serviu para abrigar usuários de drogas.
A realidade campo-grandense, porém, é bem mais palpável que as promessas, ainda no campo das ideias. O Anel Viário, com investimento na casa dos R$ 33 milhões, é outro empreendimento emperrado. A obra foi paralisada pela prefeitura no início deste mês, alegando problemas em virtude das chuvas. Uma parte do Anel já existe — entre a saída para Cuiabá (BR-163) e para Corumbá (BR-262). A ligação que precisa ser finalizada é entre a BR-262, com acesso à saída de Rochedo (MS-080), até a BR-163. Duas rotatórias ainda demandam construção.
Talvez o maior símbolo da situação de terra arrasada da Capital, a “antiga nova” rodoviária e atual Centro de Belas Artes completou 21 anos de descaso em 2016. O espaço, localizado na avenida Ernesto Geisel, no bairro Cabreúva, passou para a administração municipal em 2011, mas a atual gestão sequer tem planos para dar utilidade ao “elefante branco”, que consumiu R$ 11 milhões em recursos públicos.