Além da baixa de 26,5% na venda de veículos novos, o setor automotivo perdeu 108.643 vagas em 2015, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foram admitidas 589.499 pessoas no ano, mas houve 698.142 desligamentos.
Os dados são de 9 grupos que reúnem empresas ligadas a produção, comércio e manutenção. São eles: fabricantes de carros; fabricantes de caminhões e ônibus; fabricantes de cabines, carrocerias e reboques; de peças e acessórios; empresas de recondicionamento e recuperação de motores; de manutenção e reparação de veículos; concessionárias e lojas de veículos usados; comércio de peças de reposição e acessórios; e postos de combustíveis (veja os principais grupos nos gráficos).
São Paulo, onde se concentra a maioria das fabricantes de veículos e que tem mais de 30% da frota brasileira, foi o que teve o pior resultado entre os estados, com 45.370 vagas fechadas. Em seguida aparecem Minas Gerais (-18.682), Rio Grande do Sul (-11.962), Paraná (-9.991) e Rio de Janeiro (-5.726).
Em MG fica a maior fábrica do país, a da Fiat, marca líder em emplacamentos, além da menor fábrica da Mercedes-Benz.
No RS, a General Motors produz o Chevrolet Onix, carro mais vendido do país em 2015, além do Prisma.
No Paraná há uma das fábricas da Volkswagen – agora junto com a da Audi –, a fábrica da Renault e a menor da Nissan, e planta da Volvo, de caminhões.
No Rio, há fábricas da Nissan, Peugeot Citroën e dos caminhões da MAN, que pertence ao grupo Volkswagen.
Pernambuco, onde a Fiat Chrysler inaugurou sua nova fábrica, no ano passado, foi um dos poucos estados com saldo positivo, de 1.362 vagas – a maioria das admissões foi na montadora e em fornecedores de autopeças.
Montadoras
Somente as fabricantes de carros, caminhões e ônibus fecharam 9.881 vagas em 2015, o resultado de 8.852 contratações e 18.733 desligamentos, de acordo com o Caged.
Segundo a associação das montadoras, a Anfavea, a indústria de autoveículos encerrou o ano passado com 114.336 empregados, o menor número desde 2009, quando teve 109.043. Foi um montante 15,5% inferior ao de 2013, cuja marca de 135.343 empregados foi recorde.
A queda nas vagas seguiu o corte de 22,8% na produção, na comparação com 2014, em um ano marcado por períodos de férias coletivas, planos de demissão voluntária (PDVs) e suspensão temporária de contratos (“layoff”).
PPE segurou mais cortes
Além disso, foi o ano em que o governo lançou o Plano de Proteção ao Emprego (PPE), em que os funcionários de empresas podem aceitar reduzir o número de horas trabalhadas, e também o salário, por até 1 ano.
Na época, em julho passado, a Mercedes-Benz, que já havia demitido 660 funcionários no 1º semestre e ameaçava cortar mais 1.500 em São Bernardo do Campo (SP). Ao ser a primeira montadora a acertar com os trabalhadores a adesão ao PPE, a empresa alemã cancelou as demissões previstas.
Segundo a Anfavea, cerca de 5,1 mil funcionários de montadoras terminaram 2015 afastados de suas funções devido a “layoff” e outros 35,6 mil já estavam ou aguardavam para entrar no PPE, que foi aceito também em montadoras como Volkswagen e Ford e em fornecedores de peças e acessórios para veículos.
Mais demissões e afastamentos
Neste início do ano, porém, a General Motors demitiu 517 funcionários da fábrica de São José dos Campos (SP) que voltavam de “layoff”.
A Mercedes anunciou a suspensão temporária de contratos de 1.500 funcionários em São Bernardo e a Ford fez o mesmo com 1.800 em Camaçari (BA).
A previsão da Anfavea é de que 2016 será encerrado com queda de 7,5% nas vendas e alta de 0,5% na produção, na comparação com o ano passado.
Única entre as 10 marcas que mais vendem a crescer nos emplacamentos em 2015, na comparação com o ano anterior – desconsiderando a Jeep, que estreou no ranking no ano passado –, a Honda decidiu manter fechada a nova fábrica que construiu em Itirapina (SP) até 2017.
Além das montadoras
Sofrendo diretamente o reflexo do “pé no freio” na produção de veículos, as fábricas de autopeças e acessórios perderam 40.485 vagas em 2015, também segundo o Caged.
As lojas desses tipos de produto tiveram 12.340 vagas fechadas ao longo do ano, ainda que asvendas de veículos usados, os principais clientes dessas lojas, não tenham sofrido tanto quanto as de carros zero quilômetro: elas caíram 0,75% em 2015.
O comércio de carros, caminhões e ônibus perdeu 30.198 postos de trabalho. A federação dos concessionários (Fenabrave) informou, em dezembro passado, que 1.047 lojas fechadas as portas no ano passado – o país tem 7,6 mil –, o equivalente a 32 mil vagas.
Postos de gasolina vão melhor
Além dos grupos citados acima, o Ministério do Trabalho e Emprego também enviou ao G1dados do Caged referentes a empregados no comércio de combustíveis. Nesse grupo, 187.167 pessoas foram contratadas e houve 184.723 desligamentos em 2015, um saldo de 2.444 vagas criadas.