A queda do consumo internacional de minério de ferro pressiona a disparada do desemprego em Corumbá, polo sul-mato-grossense na produção do insumo. Cerca de 500 trabalhadores do segmento foram demitidos na cidade desde o segundo semestre do ano passado. A crise no setor ocorre em um momento que o País perde fatias de importantes mercados e as receitas com as vendas de minério despencam.
Fornecedor de insumos para a indústria de transformação, o setor de mineração está entre os primeiros a sentir os impactos do desaquecimento da economia nacional e global. A China, com crescimento desacelerado, reduziu em 32% os valores destinados ao Brasil na compra de minério de ferro neste ano: de US$ 5,206 bilhões para US$ 3,151 bilhões, de acordo com dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Web (Aliceweb), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Em Mato Grosso do Sul, o recuo da receita foi mais expressivo: na comparação entre janeiro a agosto deste ano e de 2014, o montante proporcionado pelas exportações de minério de ferro caiu 70%, de US$ 356,686 milhões para US$ 104,74 milhões. O valor, acumulado nos oito primeiros meses de 2015, é o menor para o período desde 2009, quando a receita com as vendas externas da commodity somaram US$ 65,76 milhões.
A Argentina, principal compradora do minério de Mato Grosso do Sul, reduziu a importação do produto em 70,9%: de janeiro a agosto do ano passado, os argentinos adquiriram o equivalente a US$ 348,381 milhões e, nos mesmos meses deste ano, US$ 101,266 milhões, o menor resultado desde 2009.
A queda das vendas de minério para a Argentina tem peso acentuado nas exportações deste produto por Mato Grosso do Sul. Do volume total do minério embarcado pelo Estado neste ano (3,058 milhões de toneladas), 97,8% (2,993 milhões) foram destinados aos argentinos.