Os valores informados nos visores de qualquer casa de câmbio de Pedro Juan Caballero, na fronteira do Brasil com o Paraguai, ajudam a entender o porquê da queda brusca no movimento de brasileiros na fronteira: o real, depreciado em relação ao dólar e ao guarani, tornou os produtos, vendidos pelas lojas paraguaias, muito mais caros aos consumidores do Brasil. Associa-se a esse comportamento cambial a redução do poder de compra dos brasileiros. Como resultado desse cenário, Pedro Juan contabiliza o fechamento aproximado de 100 estabelecimentos comerciais (pequenos negócios, na maioria) e demissões de cerca de 2 mil trabalhadores do setor.
No início da tarde de ontem, o visor de uma loja de câmbio em Pedro Juan informava que o dólar para venda estava cotado a R$ 4,19. Com a disparada da moeda americana, o real também se desvaloriza em comparação com o guarani. Ontem, com R$ 1, era possível comprar G$ 1.330 (guaranis) no Paraguai. No início do ano, segundo informou um funcionário de uma casa de câmbio, R$ 1 correspondia à média de G$ 1.800 (guaranis). A variação é de -26%
Na prática, isso significa que o brasileiro tem de desembolsar mais reais para adquirir os produtos vendidas nas lojas paraguaias – os estabelecimentos do país vizinho trabalham só com guarani, só com dólar ou, ainda, com as duas moedas.