A Anambi Análise Ambiental, que cuidava dos peixes do Aquário do Pantanal durante a quarentena, confirmou a morte de algumas espécies. Em entrevista à TV Morena, o diretor da empresa, Geraldo da Silva, disse que, dos 13 mil animais, 6.111 morreram.
"6.111 morreram de várias coisas. No transporte, de frio e bactérias um percentual menor [...] O projeto inicial não era para nós ficarmos com os peixes por muito tempo, era para nós aquarentenarmos os peixes e levá-los para o Aquário [...] Se não tivesse demorado tanto, não morreriam tantos peixes. Eu acredito que a mortalidade seria mínima", ressaltou Geraldo da Silva, diretor da Anambi.
Geraldo disse ainda que o contrato era para levar os peixes para o Aquário no início de 2015, mas o atraso na obra colocou em risco a vida dos animais. A perda de alevinos era esperada e o índice aceito é de no máximo 30%.
O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) assumiu os cuidados dos peixes e não sabe quanto tempo eles aguentam ficar em 233 tanques e pequenos aquários.
"Como não há uma data prevista para entrega, vamos ver quais são as condições para manutenção desses animais e pode chegar até uma decisão de encerrar mesmo com essa manutenção e fazer a doação desses animais, desses peixes", explicou André Borges, analista ambiental do Imasul.
Obra
Três meses depois da previsão inicial de entrega, que era em março de 2015, o Aquário do Pantanal continua inacabado. Segundo a assessoria do governo do estado, 80% da obra está pronto e a previsão de conclusão é para 2016.
O custo inicial da obra era de R$ 87 milhões, mas já foram gastos mais de R$ 170 milhões.O custo final da construção está estimado em R$ 240 milhões.
Sobre o aumento nos custos, a assessoria da antiga administração disse que a previsão inicial de R$ 87 milhões era apenas para a obra física, sem contar com os sistemas de suporte à vida e laboratórios, e que todos os serviços contratados seguiram a lei.
Coleta de peixes
Mesmo sabendo que não teria tempo de terminar os tanques do Aquário em dezembro de 2014, o governo estadual na época contratou uma empresa para coletar peixes no Pantanal e preparar a quarentena.
A assessoria do ex-governador André Puccinelli, que começou o Aquário, disse que a captura dos peixes foi autorizada porque havia uma previsão de entregar a obra em março de 2015, já pela nova gestão, e que deixou o dinheiro em caixa para isso.
Quando mudou o governo do estado, o novo governador embargou a obra e pediu uma vistoria. Em maio, anunciou que para terminar o Aquário serão necessários R$ 237 milhões.
"Ocorreu que nós ficamos com os peixes em dezembro e observamos que os tanques não iriam ficar prontos, aí coletamos uma grande quantidade de peixes, praticamente 90% dos peixes que iriam para o Aquário e, como o Aquário e os tanques não ficaram prontos, eu fiz um ofício à fundação de ciência e tecnologia do estado, solicitando um projeto de ampliação", explicou Geraldo.
Impasse
A partir daí começaram as trocas de ofício. Em 15 de dezembro, a empresa Anambi pediu um aditivo de R$ 930.353,04 para atender as metas e garantir a qualidade e a segurança de vida dos peixes na quarentena.
Em 19 de março, em outro ofício para a fundação de pesquisa, a empresa faz o mesmo pedido de aditivo e alerta que não tem mais dinheiro para pagar a ração e toda a estrutura de controle na quarentena.
Em 14 de abril, a empresa alega que era preciso um sistema diferenciado de fornecimento de energia para alimentar a estrutura para fazer o aquecimento da água e evitar a morte dos peixes. No mesmo dia, saiu um ofício da Fundação de Ciência bloqueando mais de R$ 2 milhões da conta da empresa, até que fossem feitos relatórios técnicos, e o contrato foi cancelado.
O novo governo suspendeu a obra e pediu uma vistoria no Aquário. Desde maio, a responsabilidade do cuidado dos peixes passou para o Imasul. O analista técnico disse que ainda esperam da empresa os relatórios.
Em novembro e dezembro de 2014 foram coletados peixes de mais de 90 espécies pantaneiras. Por ser pesquisa, foi autorizada a captura na época de reprodução.
Os tanques começaram a ser instalados no final de 2014, por volta de novembro, só que o Aquário não ficou pronto. Essa demora chamou a atenção do Ministério Público Estadual, que está investigando o caso.