Kelly Samara morreu em Santa Catarina (Foto: Divulgação) |
Conhecida nacionalmente como “Bonequinha de Luxo” por aplicar golpes em pessoas de alto poder aquisitivo, hotéis, lojas de marca e locadoras de carros, Kelly Samara Carvalho dos Santos, de 33 anos, morreu ao cair do quarto andar de um prédio em Laguna, município de Santa Catarina.
Kelly era foragida da Justiça de Mato Grosso do Sul desde 2012, quando fugiu de uma prisão em Dourados, onde cumpria o regime semiaberto de reclusão. Ela era natural de Amambai, a 351 quilômetros de Campo Grande.
A jovem caiu de um edifício no Bairro Mar Grosso, na madrugada de sexta-feira (18/02), segundo o Portal Agora Laguna. Kelly chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. O delegado William Testoni falou ao jornal sobre o depoimento do homem que acompanhava a vítima.
“Ele pretendia terminar o relacionamento e já estava em contato com os familiares dela para levá-la para casa. Ela não queria retornar e começou a falar que iria se matar, chegando a ir próximo à sacada do apartamento”, disse o delegado ao jornal.
Kelly Samara Carvalho dos Santos na Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News) |
O homem disse também que Kelly havia tomado medicação controlada e que a trouxe para dentro do apartamento, mas ela insistiu em ficar na sacada. “Retornou à sacada, se sentou sobre o mural e começou a fazer como se fosse ‘balanço’, indo e voltando, sentada, até que, das duas uma, ou se soltou ou não conseguiu se segurar”, detalhou o delegado sobre o depoimento da testemunha.
Levado para Amambai, o corpo de Kelly deve ser velado neste sábado (19/01) no Memorial Primavera e o sepultamento será no Cemitério Municipal Crepúsculo, segundo o jornal A Gazeta News.
“Bonequinha de Luxo” - Considerada inteligente e incorrigível pelos promotores paulistas, Kelly aplicava golpes contra a alta sociedade de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro com tramas mirabolantes, como se passar pela filha do então presidente paraguaio, Fernando Lugo ou utilizar o sobrenome da Tranchesi, que pertence a dona da loja de luxo Daslu. - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
Com o nome falso de Kelly Tranchesi, aplicava cerca de sete estelionatos por dia, se passando por socialite, segundo relatos da polícia ao UOL, em 2014.
Em 2011, ela foi entrevistada pelo jornal Folha de São Paulo na cadeia pública de Viradouro, em São Paulo. Mesmo na prisão, ela não deixou de usar roupas de marcas como Lacoste, Calvin Klein, Ellus e tênis Reebok.
A reportagem conta que Kelly começou seus "trabalhos" no crime, inventando personagens para aplicar seus golpes, ainda com 13 anos de idade.
A prisão anterior ocorreu por furtos em Dourados, a 251 km da Capital. Somente no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), ela respondeu a quatro processos, acusada de furto e estelionato. Ao jornal, ela se declarou inocente de todos os crimes.
Ela contou ainda que foi abandonada pela mãe ainda bebê e que o pai e a família lhe deram às costas após as denúncias na imprensa e, por isso, cortou o contato. Alegando gostar da “adrenalina”, a golpista revela o porquê dos alvos luxuosos em seus crimes. "Não cresci na favela. E você não gosta de coisa boa, por acaso?".
Após três prisões, em 2011, ela afirmou que aprendeu a lição e que viveria uma vida comum quando saísse da cadeia. "Aprendi. Apanhei muito da vida. Tenho só 23 anos, mas se eu te falar tudo o que eu já vivi", disse.
A trajetória de Kelly inspirou o autor Emmanuel Carneiro a criar personagem de Giovana Antonelli, em "A Regra do Jogo": na obra, ela era Atena, "vilã poderosa e cheia de lábia", segundo descrição na época.