Foto: Ricardo Gomes |
Rostos fofinhos, concentrados, demonstrando alegria e atrevimento. A capoeira é também para os pequenos, sim! É o que demonstrou a Oficina de Capoeira para Crianças “Brincadeira de Angola”, ministrada pelo Mestre Liminha com auxílio do professor Sandrão na noite desta quinta-feira, 25 de novembro, durante o Festival Campão Cultural – 1º Festival de Arte, Diversidade e Cidadania, na Biblioteca Estadual, que fica no primeiro andar do Memorial da Cultura.
“Eu gosto de treinar os passos, da brincadeira do macarrão. Quando eu crescer, quero ser capoeirista”, diz a menina Carolina Bedoglin, de dez anos. Sua mãe, Vivian, também fez capoeira quando era adolescente, e sempre quis que a menina praticasse. “Eu sabia que era uma coisa bacana e queria apresentar esta atividade para ela. Na capoeira você faz muitas amizades, conhece outras pessoas, é diferente de fazer academia. Envolve música, é uma cultura, a ginga e os movimentos são bonitos”.
O Fábio Souza, pai da pequena Isis, de 7 anos, notou o desenvolvimento da menina desde que ela começou com as aulas de capoeira. “É bom para o desenvolvimento corporal, mental, para o condicionamento físico, e ela ama esse professor, ela ama capoeira. Antes de fazer essa atividade, ela não conseguia nem brincar direito e já se cansava. Hoje ela tem o raciocínio rápido. Escolhi a capoeira por envolver dança, música, por ser arte e cultura misturado”.
Mestre Liminha é mestre há mais de 30 anos, e atua há 21 anos como professor em escolas com a capoeira especificamente para crianças. “Eu uso o método do Mestre Ferradura, que é a ‘brincadeira de angola’, em que utiliza elemento do cotidiano das crianças, as cantigas infantis, elementos lúdicos. A criança brinca de capoeira no coletivo, em turminhas”.
Até a década de noventa, a capoeira era ensinada apenas para crianças acima de dez anos. Os mestres não aceitavam crianças menores, explica o Mestre Liminha. Hoje ele dá aulas para crianças a partir de oito meses. “Como o ser humano está mais individualista, é necessário saber como atrair as crianças, que têm todo o conforto em casa, os celulares, tablets, computadores, televisão, internet, etc. Com as crianças, trabalhamos movimentos como ‘ponte’, ‘bananeira’, movimentos equilibrantes, cada música, cada atividade é trabalhada num ritmo de brincadeira. Tudo tem que ser divertido, tem que fazer sentido para a criança”, explica o professor Sandrão, que participou das atividades com Mestre Liminha na oficina.
“A criança não tem referências sobre a cultura negra, então ela aprende essas referências aos poucos com elementos de historicidade durante as aulas, com a cultura de paz, aprende a lidar com o coleguinha, a criar afetividade entre o grupo. Os limites têm que ser claros: não pode colocar o colega em risco, quebrar os materiais, perturbar a aula. Ela começa brincando, começa a criar identidade. Na capoeira para crianças você não está necessariamente formando um capoeirista, você está formando um cidadão, que gosta de cultura, da sua história”, diz Mestre Liminha.
O Mestre diz que a capoeira está em todos os lugares: “nas escolas particulares, escolas públicas, nos projetos sociais, na alta sociedade na classe média. Aceita todas as diferenças, é contra o machismo, o bullying, o racismo, a homofogia, proporciona a inclusão e aceitar o limite do outro. Capoeira é amor e resistência. Capoeira é vida”.
Se você se interessou, ainda dá tempo de participar: as oficinas de capoeira durante o Festival Campão Cultural – 1º Festival de Arte, Diversidade e Cidadania vão até este domingo, 28 de novembro, e ainda há vagas.