Antes utilizada principalmente pelos traficantes de maconha, a rota Ponta Porã-Dourados, pela BR-463, se tornou o principal corredor da cocaína produzida na Bolívia e que chega ao Brasil passando pelo Paraguai.
Na noite desta terça-feira (9), mais 468,5 quilos de cocaína pura foram apreendidos em Dourados, a 233 km de Campo Grande, em ação conjunta da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e Polícia Federal.
Os tabletes da droga estavam escondidos em uma carreta com caçamba dupla, carregada com 36 toneladas de soja a granel. O motorista, morador no Jardim Colibri, região sul de Dourados, foi preso em flagrante.
Ele disse que pegou a carga de soja em Ponta Porã já com os tabletes de cocaína escondidos no fundo falso. O destino era Maringá (PR).
O motorista afirmou aos policiais que receberia R$ 150 mil para levar a droga até a cidade paranaense. Como se trata de cloridrato de cocaína – a forma mais pura da droga – o carregamento foi avaliado em pelo menos R$ 10 milhões.
A apreensão foi feita dentro da Operação Lábaro. Equipes da PRF e da PF faziam ação integrada quando abordaram a carreta na altura do km 7 da BR-463, no chamado Trevo da Pedreira.
Os policiais pediram a documentação do veículo e do condutor, que se mostrou nervoso e inquieto com a presença da polícia. Perguntado sobre origem e destino, ele caiu em contradição, o que gerou desconfiança dos policiais.
Quando levantaram a lona, os policiais perceberam que havia um compartimento na lateral externa dos semirreboques. No compartimento foram encontrados 444 tabletes, pesando 468,5kg da droga.
Rota da cocaína – Antes restrita ao trecho entre Corumbá e Campo Grande, a rota da cocaína se mudou para a região sul de MS, onde a produção de grãos é a principal atividade da economia.
A cada safra, centenas e centenas de caminhões deixam a região de fronteira com destino aos grandes centros levando soja e milho, uma boa oportunidade para os traficantes mandarem as cargas de droga escondidas entre os grãos.
Outros fatores citados por policiais que atuam na região são a extensa fronteira seca com o Paraguai – pelo menos 1.300 km com pouco policiamento – e a forte presença das facções criminosas brasileiras na Linha Internacional.
Baseadas principalmente em Bella Vista Norte, Pedro Juan Caballero e Capitán Bado, as facções intensificaram o envio de cocaína através da rota Ponta Porã-Dourados com destino às comunidades de favelas paulistanas e dos morros cariocas.
De janeiro até agora, são pelo menos 1.800 quilos de cocaína apreendidos só pela equipe da PRF em Dourados. Levando em conta o valor de 5 mil dólares por quilo e cotação média da moeda americana a R$ 4, é possível estimar em R$ 36 milhões o prejuízo aos traficantes.