A bacia leiteira de Mato Grosso do Sul passa a ganhar um suporte em pesquisa e extensão rural para melhoria da produção e eficiência da propriedade, com a implantação de um laboratório de bromatologia e qualidade do leite pelo Governo do Estado em Campo Grande. A estrutura funcionará no Centro de Pesquisa e Capacitação (Cepaer) da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer).
A alimentação do gado no período de estiagem é um dos principais gargalos que influenciam a estacionalidade da produção leiteira no Estado, com reflexos diretos no fraco desempenho do rebanho, queda na renda do produtor e ineficiência da propriedade no atendimento regular à demanda da indústria. Esse cenário corresponde a uma pesquisa realizada pela Agraer em 900 propriedades, onde se deparou também com problemas de gerenciamento das mesmas.
Linha de pesquisa
O laboratório se integrará à unidade de pesquisa e capacitação em bovinocultura do Cepaer e proporcionará uma melhor qualificação científica dos trabalhos já existentes nas áreas de pastagem e integração lavoura-pecuária-floresta, em apoio ao pequeno produtor, explicou o diretor-presidente da Agraer, André Nogueira Borges. “Vamos desenvolver uma linha de pesquisas desde o capim e sanidade animal à qualidade do leite”, informou.
“O laboratório e a nova estrutura vêm coroar todo um trabalho onde se pretende levar o Cepaer a um nível tecnológico para atuar em toda a cadeia produtiva do leite e transferir para o produtor esse resultado, desde a melhoria de pastagens, da sanidade e genética do rebanho e análise do leite, controle de qualidade e armazenamento”, disse ele. O laboratório está sendo equipado e será entregue em fevereiro pelo governador Reinaldo Azambuja.
Mais capacitação
Paralelamente, a Agraer investirá com maior ênfase em capacitação, visando aproximar-se ainda mais do produtor e trazê-lo para dentro do Cepaer. Conhecendo o centro e os avanços alcançados com as pesquisas, segundo Borges, o produtor poderá reproduzir essa nova realidade em sua propriedade para obter um aumento de produção e de produtividade e, principalmente, qualidade do leite, essenciais para garantir um maior ganho.
Segundo o zootecnista Vitor Corrêa Oliveira, coordenador de pesquisas do Cepaer, grande parte dos experimentos com variedades de espécies de mudas hoje desenvolvidos no centro, que tem uma área de 76 hectares, ao lado da Universidade Estadual de MS (UEMS), estão voltados para a pecuária, como os capins e forrageiras e grãos para silagem, em atenção à agricultura familiar. São projetos de extensão que vão agregar ao fomento da bacia leiteira.
Custo de produção
A unidade de pesquisa de bovinocultura, que inclui ainda sala de ordenha e galpão de alimentação dos animais, terá capacidade de análise de viabilidade econômica dos produtos que compõem a ração do gado, como o capim, em pequenas propriedades, e avaliar o custo de produção. A análise da qualidade do leite armazenado pelos resfriadores em todo o Estado é outro benefício.
“O produtor terá em mãos dados laboratoriais para discutir preços com os laticínios”, disse o diretor-presidente da Agraer, André Borges. Um dos desafios, na sua avaliação, será superar a sazonalidade que hoje ocorre, com queda de produção no inverno e excesso no verão. “Precisamos de um equilíbrio no ano todo e o produtor tem que olhar esse conjunto de fatores de forma integral para garantir a eficiência e qualidade na produção”, observou.