A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quarta-feira (5), em Campo Grande, mais dois suspeitos de golpes milionários em todo o país. Uma terceira pessoa, que não é alvo da operação, foi autuada em flagrante porque estava com arma e droga em casa. Esta é a terceira fase da Ouro de Ofir, que investiga grupo que coptava valores normalmente acima de R$ 1 mil de investidores, com a promessa de recebimentos milionários.
PF com caixas de material apreendido nesta quarta-feira em MS (Foto: PF/Divulgação) |
Nesta terceira fase foram expedidos quatro mandados de prisão preventiva. Dois deles foram cumpridos.
De acordo com a PF, o homem e a mulher presos continuavam a vender cotas de investimento em mina com a promessa de retorno maior, mesmo após a prisão dos investigados considerados chefes do grupo, em novembro de 2017.
Conforme a PF, após as primeiras prisões, os suspeitos passaram a enfrentar e a desqualificar autoridades e instituições públicas com o objetivo de manter o esquema. Eles continuavam a utilizar redes sociais e grupos de WhatsApp para divulgar informações sobre o suposto andamento dos investimentos.
Os alvos poderão responder, a depender de sua participação no esquema, pelo cometimento dos delitos de estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica e organização criminosa.
Golpe
Um dos golpes aplicados pelo grupo consistia em prometer a investidores um retorno milionário com a repatriação de uma corretagem da venda de ouro de uma fictícia mina de ouro na Bahia. Eles também falavam sobre liberação de uma antiga Letra do Tesouro Nacional (LTN), tudo mediante pagamento prévio das vítimas.
Os investidores eram induzidos a depositar quantias para ter uma lucratividade de mais de 1.000%. Porém, não recebiam o que era prometido.
Dinheiro apreendido em um dos endereços da operação Ofir, em Campo Grande, MS (Foto: PF/Divulgação) |
Em todo o país, cerca de 60 mil pessoas teriam sido vítimas. "Acabei dispondo de valores que eu não poderia, me afundando em contas, inclusive, fazendo empréstimos. Parentes meus emprestaram dinheiro com agiotas. Se desfizeram de bens e hoje estão em uma profunda crise, na miséria, necessitando de cesta básica. Indiscutivelmente é um golpe e nós fomos iludidos”, relatou uma das pessoas que caíram no golpe.
Em abril deste ano a PF prendeu em Brasília, outro suspeito de envolvimento no esquema, após ele emitir quase R$ 1 bilhão em cheques sem fundos, para tentar enganar as vítimas do golpe, que insistiram em receber o retorno prometido com os supostos investimentos. Um dos cheques apresentados pela PF tem o valor de 227 milhões. Ele continua na cadeia.
Apontados como chefes do grupo, Celso Eder de Araújo e Anderson de Araújo foram presos em novembro do ano passado e em fevereiro a Justiça concedeu liminar para soltá-los.
Entretanto, dois dias depois, o desembargador Luiz Cláudio Bonassini Júnior, relator do processo no tribunal, revogou a decisão e eles retornaram a prisão. Em abril, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski negou habeas corpus e ambos continuam presos.