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SEGUNDA FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2024
06 de AGOSTO de 2018 | Fonte: G1

PT anuncia Haddad como vice na chapa de Lula e acordo com o PCdoB

Acerto deve levar Manuela D´Ávila a vice na chapa, após término dos trâmites na Justiça Eleitoral que vão definir se o ex-presidente pode ou não disputar as eleições 2018.
PT confirma nome de Haddad para vice-presidente na chapa com Lula (Foto: Reprodução/Facebook)

O PT anunciou na noite deste domingo (05/8) que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad foi indicado candidato a vice-presidente na chapa liderada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial de 2018 e também um acordo com o PCdoB, que vai permitir a entrada de Manuela D' Ávila na chapa.

 

Segundo nota divulgada no site do ex-presidente, "Haddad será o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da candidatura Lula na Justiça Eleitoral". Concluída essa etapa, segue a nota, "a ex-deputada Manuela D´Ávila assumirá a posição de vice na chapa, por indicação do PCdoB, que aprovou, também, uma coligação nacional com o PT".

 

Estratégia

A estratégia do PT é levar o nome de Lula como candidato à Presidência da República até a Justiça Eleitoral decidir, com base na Lei da Ficha Limpa, se o ex-presidente, que está preso, poderá ou não disputar as eleições de 2018.

 

O acordo dá a entender, embora não esteja explícito, que Manuela será candidata a vice com qualquer desfecho da Justiça Eleitoral, ou seja, com ou sem Lula na corrida presidencial.

 

A deputada Manuela D´Ávila, porém, ainda não abriu mão oficialmente de sua candidatura à Presidência da República por seu partido. Isso pode ser feito nesta segunda-feira (06/08).

 

Pouco antes da meia-noite, lideranças do PT e do PCdoB fizeram um pronunciamento oficial no diretório nacional do PT, no Centro de São Paulo, anunciando Fernando Haddad e a coligação entre os partidos.

 

As legendas aprovaram o nome de Haddad e também a indicação de Manuela D´Ávila para compor a chapa quando terminar o trâmite da homologação da candidatura de Lula na Justiça Eleitoral.

 

"Decidimos conjuntamente, PT e PCdoB, de colocar, neste momento, como candidato a vice-presidente da República, para fazer a representação do presidente Lula durante esse processo tão logo se estabilize a situação dele", afirmou a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, referindo-se a Haddad.

 

Durante a coletiva, Gleisi também anunciou que a candidata do PCdoB à Presidência da República, a deputada Manuela D´Avila, foi convidada por Lula para compor a chapa. “Quero dizer formalmente que o presidente Lula pediu para que eu convidasse o PCdoB para integrar a sua chapa a candidata à presidente da República, indicando e fazendo um convite formal a Manuela D´Ávila", afirmou Gleisi.

 

De acordo com Gleisi, a nomeação de Haddad foi feita para garantir o registro da candidatura de Lula, respeitando o prazo definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que o partido irá defender o direito de ter o ex-presidente liderando a chapa.

 

"O PT reitera que vamos com Lula até as últimas consequências. Por isso, a ideia é que tenha uma pessoa para vocalizar sua campanha e essa missão seria feita através de um companheiro do PT, que tenha identificação com Lula e que seja seu amigo. Então, decidimos junto com o PROS, PCdoB e PCO que o Fernando Haddad é o vice na nossa chapa", disse Gleisi.

 

Em seguida, falou a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos. "Estamos construindo a unidade que foi possível construir no primeiro turno, com a participação e a liderança de Lula, e como bem disse já a nossa presidenta Gleisi, por uma circunstância objetiva, até que se defina as pendências legais desse processo todo, Fernando Haddad, é o porta-voz da candidatura do presidente Lula. Junto com a nossa querida Manuela D´Ávila, vai percorrer este país debatendo ideias".

 

Luciana Santos confirmou que Manuela será, de fato, a candidata à Vice-Presidência na chapa com o PT. "Nessa relação que nós temos com o PT de 30 anos, o PCdoB ocupar a vice-presidência na chapa, para nós, nos honra muito", afirmou.

 

Eis o texto do acordo publicado no site do ex-presidente Lula:

O Partido dos Trabalhadores anunciou na noite deste domingo (5) o coordenador do Plano Lula de Governo, Fernando Haddad, como vice na chapa de Lula na disputa presidencial. Ele será o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da candidatura Lula na Justiça Eleitoral. Concluída essa etapa, a ex-deputada Manuela Davila assumirá a posição de vice na chapa, por indicação do PCdoB, que aprovou, também ontem, uma coligação nacional com o PT.


A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, explicou a estratégia definida pelo partido para representar Lula, preso político há quatro meses. “O presidente Lula pediu para fazer um pedido formal a Manuela para ser candidata a vice. Entendemos que a candidatura dela cumpriu um papel importantíssimo na construção da unidade que estamos tendo”, relatou Gleisi.


“Estivemos reunidos durante todo o dia para definirmos nossa tática eleitoral. Na avaliação optamos por uma estratégia que assegure a manifestação do presidente Lula como candidato a presidente e definimos que até a regularização da situação judicial do presidente a vocalização da sua campanha seria feita por um companheiro do PT, pela proximidade desse companheiro com o presidente, mas também pela identificação do partido com Lula”, explicou a presidenta, ao anunciar Fernando Haddad vice na chapa presidencial para fazer a representação de Lula durante esse processo até que sua situação legal seja normalizada.


“Quero exaltar a importância dessa unidade em torno da candidatura de Lula. Vivemos uma eleição anormal, o presidente Lula está ausente fisicamente do processo eleitoral, perseguido injustamente. Essa coligação inicia a caminhada vitoriosa para a eleição. Quero agradecer ao PCdoB, o PROS, que coligam conosco, ao apoio do PCO, e de importante setores do PSB que já se manifestaram a favor da candidatura de Lula”, ressaltou Gleisi.


A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, ressaltou a importância da aliança e do que ela representa no combate aos retrocessos impostos pelo golpe. “As eleições ganham uma dimensão extraordinária em um cenário de um golpe de estado. Por isso que nossas forças, com a responsabilidade que nós temos, nós precisamos reafirmar compromissos da retomada das conquistas. Nós estamos fazendo o desenho da frente que foi possível construir, entendendo a necessidade de um pacto das candidaturas de nosso campo. Nossa candidata viajou o país pregando a unidade, e vamos fazer aquilo que nós estávamos dispostos a fazer”, afirmou.


Fernando Haddad celebrou o acordo entre as frentes e reforçou o papel dessa unidade de resistência pela candidatura de Lula. “Essa resistência que estabelecemos nessa coligação vai ser muito importante. O que nos mantém unidos é a defesa incondicional do Lula, o maior líder político do Brasil. Estamos aqui unidos em torno dele mais uma vez. Vamos para o pentacampeonato”, declarou. “Com toda perseguição que o Lula sofre, ele só cresce. Estamos anunciando ao país uma grande aliança e tenho certeza que vamos compatibilizar nossos programas, que tem em comum os anseios da sociedade brasileira”.

 

Prazo

O TSE reafirmou que domingo (05/08) foi o prazo final para a escolha dos candidatos por meio das convenções partidárias, incluindo o candidato a vice-presidente.

 

Convenção

A candidatura de Lula foi oficializada no sábado (04/08), durante a convenção nacional do partido, na Liberdade, no Centro da capital paulista. Na ocasião, a legenda anunciou apenas o nome de Lula na disputa, sem revelar quem ocuparia a vaga de vice.

 

“Viemos aqui para votar no nosso candidato a presidente, Lula. Esse é um momento histórico. Lula é o nosso candidato a presidente da República”, disse Gleisi.

 

Em carta lida pelo ator Sérgio Mamberti, Lula diz que é a primeira vez em 38 anos que não participa de uma convenção nacional do partido. "Mas sei que estou presente em cada um de vocês", disse.

 

“Nós tratamos a nossa gente como solução e por isso o Brasil mudou. Hoje a nossa democracia está ameaçada. Agora querem fazer uma eleição presidencial de cartas marcadas: excluir um nome que está à frente na preferência do eleitorado em todas as pesquisas. Já derrubaram uma presidenta eleita. Agora querem vetar o direito do povo de escolher livremente o próximo presidente", diz trecho da carta.

 

Lula não participou da convenção porque está preso desde o começo de abril, condenado em segunda instância no caso do triplex em Guarujá, a 12 anos e um mês de prisão, o que, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, o torna inelegível. A questão precisa ser decidida pelo TSE e só deve ser julgada depois do registro oficial, que ocorre até o dia 15 de agosto.

 

Participaram do evento lideranças do PT, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o candidato ao governo de São Paulo pelo partido, Luiz Marinho, o ex-ministro Celso Amorim, o senador Lindbergh Farias, entre outros.

 

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Movimentos sociais e entidades sindicais também marcaram presença, como o MST, o MTST, CUT, Central dos Movimentos Populares, UNE, entre outros.

 

Em um momento da convenção, todas as pessoas presentes colocaram uma máscara com o rosto do ex-presidente Lula e gritaram em coro: "Eu sou Lula".

 

Perfil de Haddad

Filho de comerciantes do Bom Retiro, na região central de São Paulo, aos 18 anos Haddad entrou para a faculdade de direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco. Formou-se bacharel em 1985.

 

Também pela USP, tornou-se mestre em Economia com especialização em economia política em 1990 e doutor em Filosofia em 1996.

 

Foi professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da USP, analista de investimento do Unibanco, consultor da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe).

 

Em 2001, assumiu a chefia de gabinete da secretaria municipal de Finanças na gestão da prefeita Marta Suplicy. Dois anos depois, se tornou assessor especial do ministro do Planejamento, Guido Mantega. Depois, foi secretário Executivo do Ministério da Educação e se tornou ministro sob a gestão de Lula.

 

Em 2012, deixou o cargo para disputar as eleições municipais. Foi prefeito de São Paulo de 2012 a 2016, e candidato do PT à reeleição, mas foi derrotado pelo tucano João Doria.



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