A investigação da Polícia Federal sobre os negócios ilícitos do megatraficante Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, 58 anos, terá diligências em Mato Grosso do Sul.
Apuração identificou que o esquema de levar ao menos 5 toneladas de cocaína para países da Europa, África e Estados Unidos envolvia pagamento de propina a políticos no Paraguai e no Brasil, principalmente os que desempenham atividades na fronteira.
Servidores estaduais e federais em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo também estariam na lista de recebimento de propina para evitar fiscalização e fazer "vista grossa" com relação ao processamento e transporte de droga.
Até mesmo funcionários dos portos de Santos e Itajaí (SC) estariam no esquema para garantir que o entorpecente pudesse ser embarcado sem sofrer apreensão.
O jornal O Globo divulgou neste domingo que a Polícia Federal pedirá quebra de sigilo bancário e fiscal de ao menos 30 pessoas que teriam ligação com Cabeça Branca para garantir que o tráfico internacional de drogas gerasse lucros milionários.
Parentes e laranjas agora estão na mira da investigação para tentar idenficar onde está a fortuna do traficante e tentar lapidar o dinheiro que ajuda a financiar o crime.
No procedimento de apuração que durou mais de um ano e envolveu apenas oito policiais federais para garantir a prisão de Cabeça Branca, a Justiça Federal autorizou o confisco de uma fazenda e um terreno em Ponta Porã, quatro apartamentos em endereços nobres no Paraná e em São Paulo, e três casas em condomínios também nos dois estados citados anteriormente.
Carros de luxo e caminhões também foram apreendidos e os agentes ainda encontraram 1,3 tonelada de cocaína escondida em fundo falso. Os motoristas foram presos.
PRISÃO
O traficante foi preso em Sorriso (MT) no dia 4 de julho. Depois foi levado para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Chegou a se cogitar que ele poderia permanecer preso em Campo Grande.
A Polícia Federal estima que Cabeça Branca tenha fortuna de US$ 100 milhões, que foi obtida ao longo de 20 anos de vida no crime. Com o tráfico, ele teria movimentado R$ 1,2 bilhão.
O juiz federal em MS, Odilon de Oliveira, já o condenou a 34 anos de prisão por tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. O criminoso ainda tem outras duas condenações e passou por plásticas para conseguir fugir da polícia.
LIGAÇÕES PERIGOSAS
A reportagem tentou contato com o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, para verificar se há investigação específica sobre a ligação do traficante com pessoas no Estado, mas na tarde de domingo não foi possível localizá-lo.