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QUINTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2024
07 de JULHO de 2017 | Fonte: Globo Esporte

Há 60 anos, Pelé estreava contra Argentina na Seleção, aos 16 anos

Convocado por Sylvio Pirillo, menino do Santos entra no segundo tempo contra a Argentina, no Maracanã, pela Copa Roca, empata e incendeia jogo, mas Brasil perde
pelé brasil primeiro gol 7 de julho de 1957 copa roca maracanã (Foto: Divulgação)
Pelé bate com categoria diante de Carrizo e marca seu primeiro gol pela Seleção em 7 de julho de 1957, contra a Argentina, Pela Copa Roca, no Maracanã: começava ali o reinado no mundo do futebol (Foto: Divulgação)

Talvez seja do Canhão da Vila José Macia, o famoso Pepe, ponta-esquerda do Santos dos anos 1960 - os dourados da era  Pelé -, conhecido pelo potente chute com a canhota que ajudou o clube a ganhar tantos títulos e lhe rendeu 450 gols no Peixe, além de muitas, muitas assistências, uma das melhores frases sobre como era jogar ao lado do Rei do Futebol. Em entrevista ao ar nesta sexta-feira, 7 de julho, no "Redação SporTV", dia em que são completados 60 anos da primeira partida do maior atleta do século 20 na seleção brasileira, na derrota por 2 a 1 para a Argentina, pela Copa Roca, no Maracanã, em que entrou no segundo tempo, incendiou a partida e marcou logo seu primeiro gol com a "amarelinha" aos 16 anos, Pepe, do alto de seus 82 anos, soltou mais um petardo.

 

- As pessoas dizem assim, brincando: "Pepe, jogar ao lado do Pelé, até eu!". Uma ova. Era muito difícil. Você nunca sabia o que passava naquela cabeça, o que ele estava pensando. Ele olhava pra lá, mexia aqui (gesticula com os braços), e vice-versa. Então você precisava estar muito atento. E ele era chato... Apesar de garoto, ele era chato, reclamava muito, entendeu? - disse Pepe na entrevista ao programa, soltando risadas no fim. 

 

Ponta-esquerda que depois se tornou reserva de Zagallo mas foi bicampeão mundial com a Seleção em 1958, na Suécia, e em 1962, no Chile, Pepe sabe bem o que está falando. Em campo, foi certamente a maior testemunha ocular da trajetória do menino que se tornou Rei tanto no Santos como na Seleção. Tudo para Pelé começou cedo. No 7 de setembro de 1956, também há 60 anos, o garoto estreava, com apenas 15, com a camisa do Santos, na goleada por 7 a 1 sobre o Corinthians de Santo André. Também entrou no segundo tempo, no lugar de Del Vecchio. Ali, ainda era o Gasolina. E também marcou um gol.

 

De lá até sua estreia na Seleção, Pelé jogou 30 partidas pelo Santos (19 vitórias, quatro empates e sete derrotas) e outros quatro por um combinado Santos/Vasco (uma vitória e três empates). Marcou o total de 24 gols, numa média espetacular de praticamente um gol por partida. Nos jogos do combinado Santos/Vasco, encantou também o público carioca e o técnico da Seleção, Sylvio Pirillo, ex-atacante de sucesso no Flamengo e no Botafogo nos anos 1940. Com dificuldades de convocar jogadores para a partida contra a Argentina, pela Copa Roca (era uma espécie de Superclássico), devido à excursão dos grandes clubes brasileiros para o exterior,  Pirillo acabou dando chance para o menino Pelé. Que, por ironia do destino, entrou novamente no lugar de Del Vecchio, tal como na estreia pelo Santos.

 

- Era um garoto que sabia do potencial dele. O Pelé, quando o árbitro iniciava a partida, ele se transformava. Colocava em prática todas as condições técnicas que ele tinha. Já era um garoto fora de série. E o treinador, de ver o que ele estava fazendo no campeonato e de ver que ele já tinha encantado também o público carioca, um público exigente, e sabendo que teríamos jogos no Maracanã, ele não teve medo de convocar o Pelé  não. "Eu vou lançar." E lançou o Pelé na seleção brasileira, e foi um sucesso também. Ele apenas jogou o que sabia jogar, e sabia mais que os outros. E foi assim que ele foi lançado na seleção brasileira, contra a Argentina - disse Pepe.

 

O Brasil já perdia por 1 a 0, gol do veterano Labruna, e a torcida no Maracanã pedia a entrada do garoto-sensação. Pirillo atendeu aos pedidos, e Pelé não só entrou para incendiar o jogo como para marcar o gol do empate aos 32 minutos, após receber belo passe de Moacir, e, dentro da área, tocar com calma e categoria, de perna direita, à esquerda do goleiro-lenda argentino chamado Carrizo. Pena que no minuto seguinte a Argentina, com Juarez, deu o troco e fez 2 a 1, placar final da partida. 

 

Mas dali em diante o mundo jamais seria o mesmo. Três dias depois, no segundo confronto contra os rivais sul-americanos, no Pacaembu, Pelé começou como titular, foi o cara do jogo e fez um dos gols na vitória de 2 a 0 que garantiram a taça para o Brasil. Ali se iniciava o reinado e a trajetória com o ápice de três títulos mundiais (1958, 1962 e 1970), 95 gols com a camisa da Seleção em 115 jogos (média de 0,83 gol por partida), milhares de dribles e jogadas geniais. A era Pelé. Emocionado pela data, o eterno Rei não a deixou passar em branco e mandou um recado para seus fãs no programa.

 

- Queridos amigos brasileiros. Há 60 anos, fui convocado para a seleção brasileira para jogar na Copa Roca contra os argentinos. Para vocês mais novos, veja a responsabilidade. Mas Deus foi tão bom, tão bom comigo porque, iniciando a minha carreira, o Brasil ganhou aquele torneio. Olha, muito obrigado a todos os brasileiros que até hoje me apoiam. Viva o Brasil! - disse Pelé.

 

Diante de seu caderninho cheio de anotações de gols e partidas, um verdadeiro tesouro para o futebol, Pepe lembrou como o então garoto foi decisivo.

 

- Já nesse jogo ele jogou muito, fez diabruras. Os argentinos tinham um médio-volante chamado  Nestor Rossi, que andada ali pelos seus 34 anos. Jogava muito e era muito experiente. O Rossi também dançou com o Pelé.

 

Pouco antes de Pelé, Altafini Mazzola, campeão do mundo também em 1958, na Suécia - acabou a competição na reserva de Vavá -, estreou também na Seleção sob o comando de Pirillo. O então atacante do Palmeiras também era uma das grandes revelações do futebol brasileiro na época e lembra com saudade daquele tempo.

 

- Eu tinha 19 anos, ele 17. Eu tinha estreado contra Portugal num amistoso em que nós ganhamos no Pacaembu. E no segundo jogo, contra a Argentina, que era a Copa Roca, o Pelé foi convocado. Nós fizemos um ataque todo paulista: Maurinho, Luisinho, eu, Pelé e Pepe. E fiquei conhecendo o Pelé nesse período aí.

 

Depois, com a cidadania italiana, Mazzola trilhou outro caminho. Foi para a Itália, se tornou ídolo do Milan, jogou na Lazio e Juventus e vestiu a camisa da Azzurra. Mas os momentos com Pelé foram dos mais marcantes em sua carreira.

 

- Pelé é uma pessoa muito séria desde criança. Ele tinha uma vantagem sobre mim: era muito mais amadurecido do que eu. Uma pessoa esplêndida, depois dali se tornou o maior jogador do mundo. (..) Ele não precisava de conselho. Ele já era um craque quando jogava no Santos. Tanto é verdade que, quando estreou na Seleção, estreou com um gol contra a Argentina. Eu tinha estreado antes. Nunca disse nada a ele porque... você vai dizer... o aluno para o professor? Não pode.



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