Correligionários de Luiz Henrique Mandetta no DEM em Mato Grosso do Sul lamentaram sua demissão do Ministério da Saúde. O presidente da República, Jair Bolsonaro, escolheu o oncologista Nelson Teich para substituir o sul-mato-grossense nesta quinta-feira (16/04).
Presidente estadual do partido, o vice-governador Murilo Zauith destacou as qualidades do ex-ministro. “Bolsonaro perdeu o timing. Ao invés de seguir e ouvir seu ministro, preferiu ouvir os filhos e pessoas fora do ministério. Parabenizo o Mandetta pela condução nesses dias”, afirmou ao Correio do Estado.
O deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha, disse que Bolsonaro deveria ter demitido o ex-ministro há mais tempo. “Se tinham diferença de pensamento, deveria ter trocado antes, desde que assumisse o ônus da decisão”, pontuou.
Para o parlamentar, Mandetta sai bem e deixa resultados. “Ele estava rodeado de especialistas. Todos os líderes mundiais estão perdidos, mas a alternativa é o distanciamento social. Haverá um desgaste violento da economia, e é necessário que o presidente entre em sintonia com seu corpo técnico”, explicou.
José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira, destacou que a substituição é política, mas aponta que o colega de partido poderia ter ouvido mais o presidente. “Mandetta aconselhou o presidente sobre as regras [da quarentena] seguindo o protocolo. Mas ele poderia ter sido mais flexível, o presidente tem razão que essa situação prejudica a economia”, opinou.
Após 16 meses no cargo, que lhe rendeu popularidade por sua atuação no combate à pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, Mandetta passou a ser apontado como eventual candidato ao governo do estado em 2022. Porém, as lideranças do DEM avaliam que é cedo para tomar qualquer decisão.
“Tenho receio de falar sobre 2022, mas Mandetta é um quadro expressivo. É preparado, é dinâmico. E evidentemente, terá meu apoio”, disse Zé Teixeira. Barbosinha também disse que é preciso esperar as definições das eleições municipais.
“Política é como nuvem. Precisamos passar por 2020 primeiro e 2022 ainda está longe. O combate à pandemia transformou sua carreira, mas isso é um encaminhamento futuro”, ponderou.
BRASÍLIA
Entre a bancada do Estado no Congresso Nacional, a avaliação também é crítica. Primo de Mandetta, Fábio Trad (PSD) disse que a História o absolverá após a demissão. “Para quem é punido por suas virtudes e não pelos defeitos, não se deixe abater com a demissão, pois ser demitido deste governo é ser absolvido pela História”, escreveu na rede social Twitter.
Também primo do ex-ministro, o senador Nelson Trad Filho (PSD) lamentou a demissão. “Torço para que quem entre dê certo para o bem do Brasil”, destacou também em publicação nas redes sociais.
Dagoberto Nogueira (PDT) criticou o presidente por demitir Mandetta em meio à pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. “O fim da novela mexicana não poderia ser pior. A demissão de Mandetta se consolidou e no meio de uma pandemia o presidente demite seu ministro que vinha sendo a única coisa lúcida deste governo”, escreveu.
Para Rose Modesto (PSDB), esse não é um momento para desentendimento. “Estamos precisando de união para vencer uma crise de saúde pública, crise social e econômica que estamos vivendo. Agora vejo que o novo ministro precisa chegar inteirado das ações e tenho certeza que o Mandetta fará a transição da melhor forma”, disse ao Correio do Estado.
Beto Pereira, também do PSDB, destacou que o ex-ministro seguiu as recomendações internacionais. “Ele sempre seguiu o que preconizava a OMS [Organização Mundial da Saúde] e o que a maioria dos países estão fazendo para enfrentar à pandemia da Covid-19. Fiscalizaremos o sucessor [Nelson Teich] para que a ciência continue guiando as ações da pasta”, tuitou.