Plantas secas, folhas retorcidas e espigas pouco desenvolvidas. Essa é a situação em muitas lavouras de milho, em Bandeirantes, região central de Mato Grosso do Sul. O agricultor Edgar Massoti, que plantou mil hectares do cereal, conta que investiu em sementes de qualidade, adubação e controle de pragas. Mas, foi surpreendido nesta safra pelo clima seco.
"Hoje a situação está bem crítica para nós aqui, faltou muita água. A lavoura foi implantada com uma expectativa boa de colheita, vinha se desenvolvendo bem. Só que, infelizmente, mesmo que chova não tem mais volta, não recupera mais", desabafa.
A seca castiga as lavouras desde o mês de abril, quando choveu aproximadamente 13 milímetros na região, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A única chuva de maio, até agora, foi de 20 milímetros, no dia 6. " O mês de abril geralmente faz 70, 80 milímetros, chuva com espaçamento de 10, 15 dias. E não choveu nada. Pegou bem a fase de desenvolvimento e florecimento", explica ao G1 Massoti. Ele estima perdas de pelo menos 60% na produtividade da fazenda.
No município há casos de propriedades com perdas de, pelo menos, 75% da área cultivada. "A gente pensou em torno de 90, 100 sacas por hectare. Agora com, essa situação, em torno de 10 a 15 sacas e olhe lá", afirma Sildo Klagienberg, gerente de uma fazenda que plantou 400 hectares na região.
Segundo Luis Antônio Bannak, relações públicas do sindicato rural, o milho ocupa 30 mil hectares e 65% da área está comprometida. Ele diz que os produtores terão dificuldades para honrar os custos da safrinha. " A produção estimada de todo mundo aqui é de 100, 110 sacas por hectare. Com essa perda, a produtividade vai ser reduzida para 30, 35 sacas. E pra gente empatar o custo seria de 70 a 80 sacas por hectare. Então, infelzmente, esse ano o produtor não vai pagar conta."
A falta de chuva também está prejudicando o desenvolvimento de lavouras na região sul do estado. No assentamento Itamarati, onde agricultores plantaram 11 mil hectares de milho, as perdas podem chegar a 50% da produção. Em algumas áreas, semeadas em março, as plantas não se desenvolveram. A Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja - MS) ainda não finalizou a avalição dos prejuízos causados pelo clima. A expectativa é de que, até o fim da semana, a Aprosoja tenha um relatório das regiões mais afetadas.
Segundo o último levantamento divulgado pelo boletim casa rural, da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a produção do milho de inverno na safra 2017/2018 pode chegar a 8,1 milhões de toneladas, com produtividade média prevista de 80 sacas por hectare.