O Ministério Público de Goiás (MP-GO) pediu a prisão temporária, por 30 dias, de dois policiais militares do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) acusados de homicídio e tentativa de fraude processual, após operação realizada na cidade de Senador Canedo, região metropolitana de Goiânia, que resultou da morte de duas pessoas. O pedido de prisão foi protocolado nesta quarta-feira (29/11), segundo a assessoria de imprensa do órgão.
No último sábado (25/11), os agentes dispararam seguidas vezes contra um veículo que teria sido roubado. O possível assaltante e o dono, Tiago Messias Ribeiro, que conduzia o automóvel, morreram. A esposa de Tiago disse à imprensa local que ele foi feito refém em casa, após um homem entrar na residência do casal para roubar o carro. Ela detalhou que ligou para a polícia logo após a saída deles, comunicando o sequestro.
Imagens de câmeras de segurança divulgadas ao longo da semana mostram detalhes da operação: os policiais desceram da viatura atirando contra o veículo, pelo lado do motorista. Depois, retiraram um homem e colocaram no porta-malas de uma das viaturas. Um dos PMs voltou ao veículo alvejado e, desde seu interior, atirou contra o vidro dianteiro. Para o Ministério Público, a iniciativa demonstra tentativa de adulterar a cena do crime e forjar troca de tiros.
O pedido de prisão abrange os policiais que teriam disparado os tiros que atingiram as vítimas. Em relação aos demais PMs que participaram da ação, o MP pediu o afastamento de todas as funções da corporação. Após a operação, os envolvidos foram afastados das atividades de rua e transferidos para serviços administrativos. O grupo de trabalho formado pelo MP para acompanhar o caso também apura o motivo pelo qual a prisão em flagrante dos policiais não foi feita.
Além do Ministério Público, que ingressou com o pedido de prisão em vara criminal da Justiça Comum, as ações estão sendo investigadas pela Polícia Civil e pela Polícia Militar. A PM requereu à Justiça Militar, na terça-feira (28), a decretação da prisão preventiva dos quatro integrantes do GPT. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o coordenador do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial do MP, Leandro Murata, informou que os pedidos vão tramitar em paralelo, cada um na instância judicial cabível.
Murata acrescentou que o MP-GO acompanha todos os casos de mortes decorrentes de intervenção policial. A partir de recomendação do órgão, a Secretaria de Segurança Pública definiu, por meio da Portaria 1.208, publicada em outubro, que o MP deve ser comunicado em 24 horas de toda ocorrência de morte decorrente de oposição à intervenção policial – os chamados autos de resistência – estando o agente de serviço ou não.