O mercado brasileiro de café chega ao último trimestre do ano com desempenho de dar inveja a muitos outros setores do agronegócio. Além de vendas que atingiram US$ 3,7 bilhões de janeiro a setembro deste ano, de acordo com dados do Boletim Mensal do Cecafé, os produtores comemoram o crescimento dos cafés diferenciados, que aumentaram suas vendas tanto no mercado doméstico quanto nas exportações. E o melhor: o valor médio é quase 25% superior ao da commodity.
Os cafés diferenciados são aqueles que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis e incluem os cafés especiais. Somente nos primeiros nove meses do ano, a venda deste tipo de produto gerou US$ 682 milhões de receita cambial, com preço médio de US$ 200,94 por saca, 24,4% superior ao preço médio dos cafés naturais/médios que foi de US$ 161,57.
“O café brasileiro ganha cada vez mais reconhecimento internacional. Isso é o resultado de muitos anos de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. A procura por cafés diferenciados não para de crescer, principalmente por países como os Estados Unidos. Apesar da crise, também observamos o mesmo movimento no mercado doméstico. Um retrato disto está na quantidade de cafeterias gourmets espalhadas por todo o Brasil”, comenta o gerente de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café, Lucas Tadeu Ferreira.
Uma das explicações para que a queda no consumo das famílias não tenha impactado o consumo de cafés diferenciados no País está no fato de que a bebida é a segunda mais consumida pelos brasileiros, atrás apenas da água. Outra marca que o Brasil pode ostentar com orgulho é de ser o maior produtor de café do mundo.
O preço médio geral das exportações de café entre janeiro e setembro (US$ 170,66) teve aumento de 12,6% com relação ao mesmo período de 2016, que foi de US$ 151,53. Desse total, foram exportadas 3,39 milhões de sacas de cafés diferenciados, que representaram 15,5% do volume total. “A expectativa é de que fechemos o ano com os cafés especiais respondendo por 15% a 18% do volume total de vendas”, estima Ferreira.
O Relatório do CeCafé destacou ainda que, do volume total exportado no período de janeiro a setembro, 19,15 milhões de sacas foram de café arábica – que representaram 87,5% do total vendido ao exterior; e que o café solúvel correspondeu a 2,51 milhões de sacas (11,5%). Já o café robusta correspondeu a 191 mil sacas (0,9%); e 19 mil sacas foram de café torrado e moído (0,1%), totalizando 21,87 milhões de sacas, volume 10,2% inferior ao mesmo período de 2016.
“Esse recuo é considerado normal porque a safra de café é bianual, ou seja, nos anos pares temos volumes maiores que nos anos ímpares”, explica o pesquisador da Embrapa.
De acordo com o CeCafé, nesse mesmo período, o Brasil exportou café para 117 países, sendo os Estados Unidos o maior importador, seguidos por Alemanha, Itália, Japão e Bélgica.
Ferreira destaca o aumento da produtividade e da qualidade do café brasileiro nos últimos 20 anos. Graças a parceiras firmadas entre a Embrapa e os agricultores nacionais, a produção cresceu, neste período, de 8 para 25 sacas por hectare. “Isso permitiu que a área plantada fosse reduzida, mas que o volume plantado crescesse”, conclui ele.