Os deputados estaduais aprovaram nontem (13/07), em segunda votação, procedimentos mais restritivos nas medidas sanitárias para prevenção, controle e erradicação da ferrugem asiática, uma das doenças mais perigosas para as lavouras de soja, em Mato Grosso do Sul.
Intenção é que medida reduza o número de fungos remanescentes de uma safra para a outra (Foto: Divulgação) |
No projeto de lei de autoria do Executivo, que altera a Lei 3.333/2006, a novidade, em relação ao que já existe, é a definição de um calendário de plantio para proibir que a soja seja plantada duas vezes na mesma área durante o mesmo ciclo.
Segundo o texto, “o vazio sanitário é o período em que é proibido o cultivo da soja e é obrigatória a ausência de plantas vivas de soja, em qualquer fase de desenvolvimento; que não serão permitidos a semeadura e o cultivo de soja em sucessão à cultura de soja na mesma área e no mesmo ano agrícola; e que os períodos de semeadura de soja e de vazio sanitário serão estabelecidos pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico”.
Como não sofreu emendas na Assembleia Legislativa, a proposta vai para sanção do governador.
Ferrugem asiática da soja
Uma doença capaz de destruir toda a lavoura de soja. A ferrugem asiática está entre os maiores inimigos dos agricultores. O fungo gosta de calor e muita umidade, condições comuns durante o verão, época de desenvolvimento das lavouras comerciais. Mesmo depois da colheita, pode se reproduzir. Por isso, o plantio de uma segunda safra de soja, na mesma área, não é recomendado. Mas, para ampliar os lucros, alguns produtores se arriscam no campo.
Na tentativa de limitar o cultivo a uma safra de soja por ano, o governo e representantes dos agricultores decidiram criar o projeto de lei. Pela nova proposta, após a colheita da soja no verão, o produtor só poderá plantar outras culturas, garantindo, assim a diversificação na área.
Há uma exceção: quem produz sementes poderá plantar a soja na segunda safra, porém, o cultivo só deverá ser feito em áreas que não produziram soja na última safra de verão.
Neste ano, os produtores de Mato Grosso do Sul plantaram o equivalente a 25 mil hectares de soja safrinha. É menos de 1% do total cultivado durante a safra de verão. Apesar de o estado ter uma área considerada pequena, a proibição, segundo os técnicos, é muito importante para a sanidade das lavouras.
A medida reduziria o número de fungos remanescentes de uma safra para a outra, trazendo mais segurança e redução do custo com aplicação de defensivos, segundo analista técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), Leonardo Carlotto.
Com a proibição, Mato Grosso do Sul também quer se equiparar a estados vizinhos que já restringem o cultivo da segunda safra de soja. Como é o caso de Mato Grosso, Goiás e Paraná. Por dois anos, técnicos do governo e representantes da Aprosoja e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) trabalharam na formatação do projeto de lei.